O argumento é sempre o mesmo: toda vez que se aponta uma experiência socialista fracassada, os socialistas reagem irritados, como se estivessem diante de um espantalho “não era socialismo de verdade”. A história mostra que, depois de “mais de duas dúzias de tentativas”, não se pode “argumentar contra o recorde de 100% de fracasso do socialismo”, reforça Kristian Niemietz, autor do livro ‘Socialism: The Failed Idea That Never Dies’ [Socialismo: a ideia fracassada que nunca morre].
“Enquanto o sistema está em seu apogeu, quase ninguém afirma que não é ‘realmente’ socialista. Durante esse ‘período de lua-de-mel’, aquele período de sucesso inicial de curta duração, os sistemas socialistas são amplamente elogiados pelos intelectuais ocidentais. Quando suas falhas não podem mais ser negadas, os intelectuais ocidentais começam a dar desculpas para eles. E, depois de um tempo, eles simplesmente dizem que esses sistemas nunca foram socialistas de verdade”, aponta o autor.
Dar o controle da economia ao “povo” não é uma ideia inovadora dos socialistas contemporâneos, pelo contrário, sempre foi a aspiração e promessa do socialismo. Em nenhuma das experiências, a intenção expressa era uma sociedade estratificada, liderada por uma elite tecnocrática. Na década de 1940, no entanto, o economista austro-britânico Friedrich Hayek já apontava que essa ideia de controle democrático era ilusória e que o socialismo sempre leva à concentração extrema do poder na mão do Estado.
“Como ‘o povo’ administraria ‘sua’ economia em conjunto? Iríamos todos nos reunir na praça e debater quantas escovas de dentes e quantas chaves de fenda deveríamos produzir? Como decidiríamos quem fica com o quê? Como decidiríamos quem faz o quê? E se descobrirmos que não concordamos muito?”, exemplifica Niemietz.
As falhas dos regimes anteriores não são luzes para o que precisa ser melhorado nas próximas tentativas, são, pelo contrário, uma amostra de que as falhas são inerentes ao socialismo. “O socialismo não pode ser melhorado. Uma vez que um socialista tenha aprendido as lições certas, ele não pode mais ser um socialista”, assegura o escritor. (Gazeta do Povo)