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Um ano depois, indústria ainda sofre com os impactos da pandemia

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Foto: reprodução

Empresários perderam faturamento, precisaram diminuir o quadro de funcionários e se mostram preocupados com as medidas dos governos e a possibilidade de lockdown

Diferentemente do que se imaginava há um ano, quando a pandemia chegou a Pernambuco, 2021 não começa nas condições em que se esperava, sobretudo porque, ainda existem incógnitas em relação ao controle da Covid-19 e, consequentemente, ao impacto disso no mercado ao longo deste ano. Para entender como está essa conjuntura, a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) repete pesquisa com empresários e detecta cenário de muita fragilidade.

Dados do levantamento revelam que 37,3% deles ainda vão sofrer com queda de faturamento e outros 48,5% vão se manter estagnados, enquanto apenas 14,2% acreditam numa recuperação em curto prazo. Para os industriais, a recuperação só virá com adoção de medidas como a vacinação em massa, a aprovação da reforma tributária, os programas de recuperação fiscal em níveis federal e estadual e as políticas de fortalecimento do setor industrial, por ordem de prioridade.

Todas essas prioridades recaem na manutenção dos postos de trabalho. Dos empresários entrevistados, quase a metade (46,27%) precisou fazer demissões para manter seus negócios funcionando e 67,2% deles ainda não conseguiram recontratar novos funcionários. “Para estancar essa desocupação e voltar a gerar empregos é muito importante a retomada do programa de suspensão ou redução de carga horária e de salários com auxílio complementar do governo federal”, disse o gerente de Relações Industriais da FIEPE, Maurício Laranjeira.

Entre os tópicos questionados pela Federação, está a satisfação dos empresários quanto às gestões públicas federal e estadual no enfrentamento dos impactos causados pela Covid-19 no Brasil e em Pernambuco. Segundo a pesquisa, 61,6% consideram a atuação do governo estadual péssimo ou ruim, outros 31,6% julgaram como regular e pouco menos de 7% avaliaram como boa ou ótima.

Com relação ao governo federal, avaliaram como ruim ou péssima 24,5% dos entrevistados, como regular 36% e como boa ou ótima outros 39,3%. Os números mais positivos do governo federal estão diretamente ligados a medidas como redução da jornada de trabalho e salários, o auxílio emergencial para a população e a suspensão dos contratos de trabalho, apontados na pesquisa como as medidas mais eficazes para as empresas.

O crédito, que foi um dos principais obstáculos enfrentados pelos empresários nas primeiras pesquisas, deixa de figurar como principal problema para 63,4% dos empresários que conseguiram algum tipo de financiamento, em sua maioria (57,3%), com os bancos públicos. “A maioria das empresas que buscou crédito conseguiu ter acesso ao valor solicitado ou à parte dele. No entanto, ainda existem muitas empresas que não conseguiram por esbarrarem em algumas burocracias, que talvez possam ser solucionadas com programas de recuperação fiscal – REFIS estadual e federal. Esses programas podem deixar as empresas aptas a buscarem crédito mais barato e com taxas de juros menores.”, destacou o economista da FIEPE, Cézar Andrade.

A maior aflição dos empresários hoje está relacionada à dificuldade de encontrar os insumos para a produção. “Esse fato fica evidente, por exemplo, no caso do plástico e da celulose, que integram embalagens de diversos produtos da indústria de transformação, e dos insumos para a construção civil. Tanto que 70% deles ainda estão sofrendo com a escassez de matéria-prima e alta nos preços, que, para 24,4%, dos empresários já ultrapassa 60% de aumento” explica Laranjeira.

Lockdown – Já sobre a possibilidade de um novo fechamento geral, a grande maioria dos empresários se mostrou ainda extremamente preocupada com os impactos econômicos. “Mais de 65% dos empresários tiveram queda no seu faturamento e 47% deles precisaram demitir funcionários nesse período. Um cenário crítico que não pode ficar pior. O setor privado não tem lastro para suportar essa queda no consumo com uma nova paralisação total”, alerta o presidente da FIEPE, Ricardo Essinger.

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