Presidente foi perguntado se atuou para o Senado votar requerimento de urgência.
Agência O Globo / Foto: reprodução
BRASÍLIA – O presidente Michel Temer se recusou a comentar a tentativa do Senado, nesta quarta-feira, de aprovar requerimento de urgência para votar o pacote anticorrupção. Na madrugada anterior, a Câmara manteve somente duas das dez medidas originais do pacote e incluiu tipificação do crime de abuso de autoridade para magistrados e integrantes do Ministério Público (MP). Após videoconferências sobre ações de combate ao mosquito Aedes aegypti e um pronunciamento à imprensa nesta sexta-feira, Temer se mostrou irritado com perguntas de jornalistas.
— Estou falando de zika, por favor — respondeu quando perguntado se atuou para que o Senado votasse o requerimento de urgência. A liderança do PMDB na Casa foi uma das quatro que assinaram o pedido. PP, PSD e PTC completaram a lista.
Na madrugada de quarta-feira, os deputados desfiguraram totalmente o pacote anticorrupção que foi elaborado pelo MP e relatado pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). A inclusão do crime de abuso de autoridade causou forte reação da força-tarefa da Operação Lava-Jato. Os procuradores à frente da equipe ameaçaram abandonar os trabalhos. Houve também protestos de juízes e promotores em frente ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, e também em frente ao prédio da Justiça Federal em Curitiba.
À noite, o plenário do Senado rejeitou, em votação nominal, o requerimento de urgência que queria incluir na pauta o pacote anticorrupção, e evitou que a matéria fosse aprovada sem debates ou audiências. Nesta quinta-feira, em postura mais ponderada do que os procuradores, o juiz federal Sérgio Moro foi ao Senado criticar a medida de abuso de autoridade.
Das dez medidas originais, só permaneceram a criminalização do caixa dois e o artigo que exige que os tribunais de Justiça e o MP divulguem mais informações sobre tempo de tramitação de processos.