Solicitação tem por base delação de Delcídio do Amaral; petistas negam as acusações.
Agência O Globo
BRASÍLIA – O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), enviou para o juiz federal Sérgio Moro, da primeira instância em Curitiba, a parte da delação feita pelo senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) referente ao pagamento de propina a políticos do PFL (atual DEM) da Bahia para garantir que a Petrobras comprasse uma máquina da empresa Alstom. A suposta irregularidade teria ocorrido entre 1999 e 2001, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Delcídio, a Petrobras adquiriu uma máquina do modelo GT24, da Alstom, para atender às necessidades da Refinaria Landulfo Alves, na Bahia. Segundo a Procuradoria Geral da República, a“dita máquina apresentou defeitos em outros países que a haviam adquirido”. Ainda assim, Carlos Laranjeira, ex-diretor OAS, teria dito a Delcídio que a empresa estava interessada na compra do equipamento por parte da Petrobras. Por isso, a OAS teria ajudado na articulação do negócio.
Laranjeira teria dito a Delcídio que estavam separados entre US$ 9 milhões e US$ 10 milhões de dólares para o pagamento de propina a políticos ligados ao PFL baiano para garantir a compra da máquina. A PGR ressaltou que “faz-se necessário averiguar até que ponto as declarações do colaborador encontram eco nas evidências angariadas no caso Lava-Jato”. A procuradoria pediu que os indícios fossem enviados à primeira instância, porque não há citação a ninguém com direito a foro especial nessa parte da delação. Teori concordou.
Na época da compra, Delcídio era diretor de Gás e Energia da Petrobras, no governo Fernando Henrique. Ele contou que começou a ser implementando um programa para enfrentar o racionamento de energia elétrica na estatal. A compra da máquina estava incluída nesse programa. Na delação, o senador disse que pessoas da Petrobras também teriam recebido propina, mas não citou nomes.