Um artigo publicado no Wall Street Journal (WSJ) criticou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF). Escrito pela jornalista Mary O’Grady, o texto afirma logo no subtítulo que o STF “é uma ameaça maior que o 8 de janeiro”.
“A Suprema Corte do Brasil está amordaçando seus críticos, congelando seus bens e até mesmo prendendo alguns, tudo sem o devido processo legal”, observa o texto, ao mencionar que a liberdade de expressão está em xeque.
Mary defende a punição para quem cometeu atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes. A articulista, contudo, diz que “a liberdade não pode ser estrangulada”, durante esse processo de apuração dos responsáveis.
Adiante, a jornalista destaca o ministro Alexandre de Moraes como “o rosto da repressão à liberdade de expressão”. Ela menciona os mandados judiciais, expedidos pelo juiz do STF, contra um grupo de empresários que teceu elogios ao regime militar, em uma conversa de WhatsApp. “As autoridades congelaram as suas contas bancárias, intimaram os seus registos financeiros, telefônicos e digitais, e disseram às redes sociais para suspenderem contas”, lembrou Mary.
Também no texto, Mary cita as eleições no Brasil, um país que ela considera “dividido”. A articulista traz à tona os escândalos de corrupção montados pelo presidente Lula, a partir de 2007, e as condenações do petista e de seus aliados.
“Os brasileiros ficaram aliviados, acreditando que a justiça, mesmo para os poderosos, era finalmente possível”, escreveu Mary. “Eles estavam enganados. Em 2021, o STF anulou a condenação de Lula por um tecnicismo. Ele foi solto e liberado para concorrer à Presidência, embora nunca tenha sido absolvido. Ele derrotou Bolsonaro e assumiu o cargo em 1º de janeiro.”
O artigo acrescenta que “muitos brasileiros continuam a considerar Lula um ladrão que escapou da Justiça, porque o STF fez política”. “Em plataformas de notícias independentes, nas mídias sociais e em grupos de bate-papo privados, seus crimes continuam sendo um assunto polêmico”, observa Mary.
Após citar algumas resoluções de Moraes, na condição de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como o “combate à desinformação”, que ampliou os poderes da Corte, Mary afirma que os “exageros” desacreditaram o TSE e alimentaram “ainda mais as dúvidas sobre a justiça da eleição”. “No entanto, exibi-los é proibido”, diz Mary. “Quando o partido político de Bolsonaro apresentou contestações legais à contagem oficial de votos no segundo turno de 30 de outubro, elas foram sumariamente negadas. O tribunal eleitoral multou o partido em mais de US$ 4 milhões por fazer o recurso.”
Por fim, a articulista afirma que “o STF está inventando a lei à medida que avança. Se ninguém impedir, a confusão de 8 de janeiro será a menor das ameaças à liberdade enfrentada pelos brasileiros”. (Revista Oeste)