O deputado federal João Campos (PSB-PE), filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, classificou como uma “frustração” a decisão do Ministério Público Federal (MPF) de arquivar o inquérito policial que investigou o acidente que matou o pai dele. Eduardo Campos morreu em agosto de 2014, durante a campanha presidencial, em Santos (SP).
“O sentimento é de frustração. Uma tragédia como esta terminar assim, com as autoridades competentes concluindo pela falta de subsídios, sem apontar o que de fato houve. Foram 5 anos de expectativa”, disse João, em nota. “É uma frustração não só por parte da família, mas de todos os pernambucanos e brasileiros por tratar-se de um assunto público”.
João Campos afirmou que vai encaminhar os documentos a advogados e peritos para que sejam analisados com “responsabilidade e prudência”.
A investigação foi concluída pela Polícia Federal em agosto do ano passado, quatro anos após o acidente. O inquérito acabou limitado a apresentar quatro hipóteses possíveis para a ocorrência acidente.
A primeira delas é a de colisão com pássaros, uma vez que foi relatado por uma testemunha a presença de muitos urubus nas proximidades no momento do acidente. Também foram mencionadas como hipóteses a possibilidade de disparo de compensador de profundador; e a de pane com travamento de profundador em posições extremas. Esses equipamentos são peças localizadas nas asas ou na traseira, responsáveis por estabilizar e dar a direção à aeronave.
A quarta hipótese apresentada é a de os pilotos terem passado por alguma desorientação espacial. Esta última hipótese foi a apontada em 2016 pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea.
“Ouvimos todos que cuidaram da aeronave nos dias precedentes ao voo, além de termos feito investigações no Aeroporto Santos Dumont e com relação às oficinas de manutenção que lidaram com a aeronave. Todo entendimento que tivemos da mecânica do voo é absolutamente incompatível com qualquer possibilidade de sabotagem imaginada”, disse o delegado Rubens Maleiner no ano passado.
Mais cedo, o advogado Antônio Campos, tio de João, afirmou que iria pedir uma audiência com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para pedir que o caso fosse retomado.
Recomendações
No início do mês, o MPF recomendou aos órgãos de controle de aviação mudanças na fiscalização de aeronaves. As alterações levam em consideração as dificuldades encontradas na apuração do acidente que vitimou Eduardo Campos. Entre os pedidos, estão melhorias no registro de dados dos voos e maior rigor com a manutenção das aeronaves.
“Esperamos que as recomendações feitas pelas autoridades sejam acatadas para que outros acidentes sejam evitados ou, se necessário, que possam ser investigados com maior precisão”, disse João Campos na nota.