O debate entre os candidatos à Presidência da República promovido por TV Gazeta, Estadão, Jovem Pan e Twitter foi marcado pela defesa da não violência. Ao iniciar suas falas, Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB) enfatizaram a necessidade de se pacificar a sociedade, em referência ao atentado em que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, foi atingido por uma facada, na última quinta-feira, em Juiz de Fora (MG).
No primeiro bloco, os candidatos escolheram os rivais para responder às suas perguntas. Quase todas as questões se referiram a propostas dos adversários, exceto por Guilherme Boulos (PSOL), que partiu para o ataque a Meirelles.
“O compromisso da minha candidatura é enfrentar privilégios. O senhor vai enfrentar privilégios da sua turma?”, perguntou Boulos, após se encerrarem os 30 segundos reservados à sua questão. Meirelles disse que criou 10 milhões de empregos durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e citou programas do governo do petista. Disse que, durante o governo de Michel Temer, foi responsável pela possibilidade de 2 milhões de empregos e prometeu que criar mais 10 milhões de empregos se for eleito, insinuando que Boulos não trabalha e não paga imposto.
Meirelles foi o primeiro a perguntar, escolheu Alckmin para responder à sua questão. “Como vamos mudar esse radicalismo que tanto prejudica o Brasil?”, perguntou, mencionando o incidente “lamentável” contra Bolsonaro. “É necessário um grande esforço conciliador. Sempre que há um esforço de união nacional, de pacificação, que é o que eu defendo, a democracia consolida-se ”
Meirelles criticou seu adversário: “O senhor prega a pacificação, no entanto quando Bolsonaro ainda estava na sala de cirurgia, seu programa o atacava fortemente. Isso não é uma atitude de radicalização?”. O tucano afirmou que e emedebista “não viu” seu programa. “Nunca pregamos a violência. Sou contra qualquer tipo de radicalismo.”
Próximo a perguntar, Ciro escolheu Marina, questionando-a sobre como reverter a evasão escolar. “É um momento difícil. Faltam duas candidaturas”, disse a postulante da Rede, referindo-se à ausência de Bolsonaro e de um candidato petista na bancada. “Violência política não nos levará a lugar nenhum”, disse Marina, emendando que prega uma “educação de qualidade, atual” e que o “desejo de aprender” tem de ser fomentado entre as crianças, “com foco na primeira infância, que ensina aprender a aprender”.
Alckmin dirigiu sua pergunta a Alvaro Dias (Podemos). “Bolsonaro foi atendido na Santa Casa de Juiz de Fora, prontamente, muito bem atendido. Quais as propostas para as Santas Casas?” Dias respondeu que, em sua opinião, o que falta é boa gestão, não investimento, ao setor de saúde. “Alega-se falta de recursos, mas o que falta não é dinheiro, é boa gestão. O SUS é mal implementado”, disse o candidato do Podemos. Alckmin prometeu “cobrar das seguradoras os serviços prestados”, complementando orçamento das Santas Casas. Dias afirmou que a proposta do tucano parecia uma medida peculiar à prefeitura.
Dias perguntou a Boulos: “Os últimos governos beneficiaram os bancos e os banqueiros, o Brasil se tornou o paraíso dos bancos. Qual o tratamento que o senhor dará aos bancos?”
“Esse é um dos raros pontos que concordo com Alvaro Dias. Banco aqui faz o que quer. Vamos acabar com a farra dos bancos”, disse o candidato do PSOL, prometendo diminuir juros “abusivos” da dívida pública e baixar juros do cartão e do cheque especial.
Marina Silva questionou Ciro sobre segurança. O pedetista falou em um “Sistema Único de Segurança” para o combate ao crime, federalização do enfrentamento à violência. Marina praticamente repetiu a proposta de Ciro, falando do mesmo “sistema único” de combate ao crime e do absurdo de o crime organizado comandar bandidos de dentro da cadeia.
Sem previsão de alta
O Hospital Albert Einstein divulgou no começo da noite de hoje novo boletim médico sobre o candidato à presidência, Jair Bolsonaro (PSL), afirmando que o quadro de saúde do presidenciável continua em evolução e a expectativa é que “nos próximos dias, a função intestinal se normalize e o paciente passe a ingerir alimentos por via oral.”
O boletim observa que a circulação do intestino para o fígado de Bolsonaro está preservada. “A paralisia intestinal decorrente do grande trauma mostra sinais de que está em regressão.”
Bolsonaro continua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sem previsão de saída, disse mais cedo seu filho, Eduardo Bolsonaro a jornalistas. Ele ressaltou que o presidenciável está anêmico, com dificuldade de falar, mas o processo de recuperação prossegue e ele tem caminhado com o auxílio de um andador.