Pré-candidato Ciro Gomes tenta marcar conversa com Paulo Câmara e Geraldo Julio, caciques do PSB. Fernando Haddad também deve se encontrar com governador
Paulo Veras, Luisa Farias e Vinícius Sales –JC Online / Foto: Roberto Pereira / PSB
Com o PSB sem presidenciável desde a desistência do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, dois próceres da legenda, passaram a ser cortejados por partidos interessados no apoio da sigla. Nome com mais chance de atrair os socialistas para o palanque, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) tenta marcar uma conversa com o governador e com o prefeito quando vier ao Recife para um encontro com 200 empresários ainda este mês. Na mesma época, Paulo deve ir a mesa com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, apontado como “plano B” do PT na corrida presidencial.
“Há a possibilidade de a gente apoiar uma candidatura de centro-esquerda, de o partido ter abertura para cada Estado tomar sua decisão. São várias possibilidades que existem. Agora, o Congresso Nacional do PSB, realizado em Brasília (em março), deu essa definição de procurar os partidos de centro-esquerda para fazer as conversas e definir o melhor caminho”, afirmou Geraldo ontem.
Auxiliares de Paulo ouvidos pelo JC disseram que ainda não é possível adiantar se o governador tem uma preferência por Ciro ou outro presidenciável. O Palácio do Campo das Princesas acredita que o PSB passou a ser o partido com apoio mais disputado.
Ontem, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), defendeu o apoio a Ciro. Presidente do PDT-PE, o deputado federal Wolney Queiroz disse acreditar na aliança com o PSB. “É nisso que estamos apostando desde 2014”, confessou. Quanto a possibilidade de Ciro ter um vice socialista como o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda, Wolney disse que esse é um caminho possível.
Ciro Gomes foi filiado ao PSB entre 2005 e 2013. Em 2010, o cearense tentou ser o candidato a presidente pelo partido, mas o então governador de Pernambuco Eduardo Campos, falecido em 2014, decidiu apoiar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Três anos depois, quando Eduardo rompeu com o governo do PT para tentar ele próprio concorrer ao Palácio do Planalto, Ciro, o irmão Cid Gomes e outros 500 filiados deixaram o PSB. Na época, Ciro chamou Eduardo de “oportunista”.
“Há companheiros que pensam no apoio ao Ciro. Que nós conhecemos, esteve conosco no PSB. Lamentavelmente, saiu do partido quando nós apresentamos a candidatura do Eduardo Campos. Isso deixou muitas arestas”, se queixou o ex-deputado gaúcho Beto Albuquerque, em entrevista à Rádio Jornal.
Ao JC, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) defendeu que o PT busque dialogar com os socialistas. “Acho que uma aliança nacional com o PSB seria essencial para a formação de uma nova Frente Política”, argumentou. Para Tarso, o PSB precisa voltar a ter sua identidade de esquerda, que teria se perdido com o anti-petismo.
Apoio ao PT
Líder do governo Paulo Câmara no Legislativo, o deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB) acredita que a tendência seria o PSB apoiar o PT nacionalmente, já que as duas siglas devem marchar juntas em seis Estados: Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Tocantins e Amapá. “Descartado, Ciro não está. Mas hoje não é a prioridade. Qual a meta central hoje? Não ter candidatura própria, ampliar a bancada federal e eleger o máximo de governadores”, argumenta.
Para o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o partido ainda tem tempo para avaliar que caminho seguirá nas eleições deste ano. Ele descartou a possibilidade de uma candidatura própria e classificou como natural as conversas entre lideranças do PT e do PDT com o PSB.