Neste artigo enviado ao Blog do Carlos Britto, o secretário de Educação, Cultura e Esportes de Petrolina, Plínio Amorim, defende um retorno gradual das aulas presenciais em Pernambuco – evidentemente dentro das recomendações das autoridades sanitárias em relação à Covid-19. Segundo o secretário, o aumento das injustiças sociais tem uma relação direta com as restrições impostas ao setor educacional, e que pode se agravar ainda mais.
Confiram:
Educação na pandemia: a condenação do futuro
Há muito que todos sabem que a educação é o maior instrumento de combate a injustiça social. Sabe-se também, que no Brasil, a Educação Básica Pública de qualidade ainda se constitui em um desafio a ser vencido. É mais comum nas redes públicas encontrar alunos com atraso no desenvolvimento das competências da sua idade e ano de escolaridade.
A pandemia que assola a humanidade tem provocado inúmeros retrocessos sociais. Aqui, quero refletir sobre a Educação Básica Pública. Aquela que, pelas características e necessidades da sua população, se apresenta como o maior (para muitos, a única) oportunidade de perspectiva de evolução do conhecimento e, posteriormente, melhor nível social, econômico e cultural.
É seguro afirmar que a educação pública se constitui no melhor caminho para diminuir a histórica injustiça que marca a sociedade brasileira. No entanto, desde março de 2020, pouca coisa de produtivo tem acontecido. Mesmo com o comum entendimento da importância estratégica da educação, estamos assistindo um profundo e silencioso golpe na evolução cognitiva da nossa população mais necessitada. Vai demorar a recuperação. É sempre mais difícil construir e reconstruir.
Não dá para assistir, ainda com limitações, que bares, restaurantes, comércio, indústria etc…estejam permitidos e a escola proibida de alguma forma presencial. O impacto negativo será lento e posterior, mas será implacável.
O retorno, óbvio, depende de condições e autorizações sanitárias. É inegociável a segurança da saúde de estudantes, familiares e servidores da Educação, mas é inaceitável que pouco se faça para o retorno parcial e controlado das aulas presenciais. Não podemos, agora, paralisar o futuro. Chegou o momento de a humanidade provar sua inteligência e assumir compromissos racionais com a segurança e a evolução da sociedade.
A compreensível insegurança da reaproximação deve ser enfrentada por todos com muito diálogo e determinação. Não vamos nos surpreender, a paralisação de agora já ampliou a injustiça social e, se nada ou pouco for feito, a condenação do futuro será uma intransferível marca negativa desta geração.
Plínio Amorim/Secretário de Educação, Cultura e Esportes de Petrolina