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Safra de grãos mantém queda e estoque de milho recua 22% no ano

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Foto: reprodução

O El Niño perde força, mas o estrago deixado sobre a produção brasileira de grãos é grande. A safra 2023/24, projetada inicialmente em 317,5 milhões de toneladas, ficará abaixo dos 300 milhões, segundo estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Excesso de chuva no Sul e falta dela no Centro-Oeste fazem com que a produção de grãos deste ano fique 23,4 milhões de toneladas abaixo do volume previsto inicialmente. Em relação ao recorde de 320 milhões da safra de 2022/23, a perda chega a 26 milhões de toneladas.

Os números de projeção da Conab e do IBGE são próximos, com a primeira estimando uma safra total de 294 milhões de toneladas, e o segundo, de 298 milhões. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (11).

Ambos preveem produção de soja um pouco abaixo dos 147 milhões de toneladas, mas divergem em 5 milhões de toneladas na de milho. O IBGE, com volume maior, espera 116 milhões.

O aumento dos preços dos alimentos fez o governo se preocupar mais com os produtos básicos nesta safra. A oferta de arroz cresce 5,3% em relação ao período anterior; a de feijão, 5,8%, e a de trigo, 20%.

Os preços elevados dos produtos atraíram os agricultores, que aumentaram a área plantada e viram uma melhora da produção. No caso do trigo, a evolução se dá devido à forte quebra de produção na safra de 2023.

A quebra de safra afeta os estoques de passagem de uma safra para outra. O milho, base para a produção de ração, termina esta safra com apenas 5,6 milhões de toneladas em estoque, conforme previsão da Conab. Se o órgão estiver correto, o volume será 42% inferior à média dos últimos três anos e 22% inferior ao de 2023.

A situação do arroz também não é muito confortável. No final de 2024, estará armazenado no país 1,8 milhão de toneladas, 25% a menos do que o volume dos três anos anteriores.

O cenário para o feijão é bem melhor, conforme os números da Conab. Os estoques do final de dezembro devem somar 639 mil toneladas, 190% a mais do que nos três anos anteriores.

Os estoques de trigo, com a aceleração dos preços internacionais após a invasão da Ucrânia pela Rússia e com a quebra interna de safra, haviam caído para apenas 194 mil toneladas em 2023. Neste ano, devem atingir 801 mil.

O IBGE indica que os efeitos do El Niño fazem com que a produção do Centro-Oeste recue para 140 milhões de toneladas de grãos nesta safra, 13% abaixo do volume da anterior.

O Sudeste também foi bastante afetado e perde 8,8% de sua produção, que recua para 28 milhões de toneladas.

O salto fica para o Sul, que eleva a produção de grãos para 87 milhões de toneladas, 9,3% acima da de 2023.

O Rio Grande do Sul aumenta o volume de grãos em 45%, atingindo 40 milhões, segundo a Conab. Já o Paraná perde 23%, recuando para o mesmo patamar de 40 milhões de toneladas.

O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) também divulgou dados de oferta e demanda nesta quinta-feira.

A produção mundial de soja 2023/24 foi estimada em 397 milhões de toneladas, para um consumo de 381 milhões. O órgão americano continua apostando na produção brasileira, estimando o volume deste ano em 155 milhões de toneladas, 8,5 milhões a mais do que o da Conab.

A produção mundial de milho atinge 1,23 bilhão de toneladas na safra 2023/24, e o consumo será de 1,12 bilhão, segundo o Usda.

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