O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou nesta sexta-feira (23), a inauguração da fábrica de polipeptídeo sintético da EMS, em Hortolândia (SP). O empreendimento conta com tecnologia de ponta para produção das moléculas de liraglutida e semaglutida, destinadas ao tratamento de obesidade e diabetes, que serão comercializadas no país e no mundo.
O presidente leu um discurso escrito onde criticou o governo Bolsonaro e saudou o presidente da empresa contando um pouco da trajetória da empresa que cresceu a partir de 2003.
Mas a coisa começou a complicar quando decidiu falar de improviso quando disse que ouviu uma demanda do “amigo Sanchez” que fez “uma provocação à ministra da Saúde, ao vice-presidente da República e ao presidente da República: de que é preciso a Anvisa andar um pouco mais rápido para aprovar os pedidos que estão lá, porque não é possível o povo não poder comprar remédio porque a Anvisa não libera”.
Ele assumiu um compromisso com o “amigo Sanchez”. E avaliou que se tratava de uma demanda que “nós vamos tentar resolver”. E completou: “Quando algum companheiro da Anvisa perceber que algum parente dele morreu porque o remédio que poderia ser produzido aqui não foi produzido, porque eles não permitiram, aí a gente vai conseguir que ela seja mais rápida e atenda melhor os interesses do nosso país.”
Para atender a demanda do “amigo Sanchez” , o presidente não precisava atacar a Anvisa, seus funcionários e a história da mais respeitada agência de controle do Brasil internacionalmente pelas boas práticas.
Garantia da Anvisa na Civid 19
O presidente, como os brasileiros, foi vacinado contra a Covid-19 graças às atuações da Anvisa. Que também protegeu o país de diversas ações deletérias no Congresso tentando aprovar vacinas de fabricantes não reconhecidos pelas mais respeitadas agências internacionais.
E esqueceu a posição de embate que a Anvisa colocou contra o governo Bolsonaro. Em tempos de cloroquina e fakenews, a Anvisa nos salvou do vírus da desinformação do governo que o antecedeu.
Mas o presidente é reincidente em criar problemas quando sai da caixinha do discurso preparado pela assessoria e isso sempre constrange os brasileiros.
A declaração de Lula, ao prometer resolver uma demanda do “amigo Sanchez” abre a preocupação sobre um ataque institucional de seu governo à uma agência de regulação.
Agência resistiu a Bolsonaro
O presidente esquece que foi a condição de independência da Anvisa que permitiu resistir à pandemia aos ataques do então presidente da República. Mas por alguma razão, o presidente quer transformá-la no departamento do Executivo como tentou fazer com o Banco Central?
A repercussão das declarações (de improviso) do presidente provocaram reações da Anvisa, dos seus servidores e de várias entidades, o que levou o ministério da Saúde publicar uma nota de esclarecimento.
Nela, o Governo Federal afirma que tem ciência da situação em que encontrou a Anvisa em 2023 no início da gestão do Presidente Lula. A Instituição estava, como tantos outros órgãos, sucateada, sem reposição de vagas e sem o apoio necessário para cumprir seu papel com a segurança sanitária e compromisso com a saúde da população.
Diz que reconhece todo o trabalho e excelência da Anvisa. E que, na Anvisa, nossa orientação precípua sempre foi garantir a segurança e eficácia dos medicamentos e produtos para a saúde. E que sempre respeitando e valorizando os servidores e as ações integradas com o Ministério da Saúde.
Se você perdeu o Araripina Urgente desta segunda-feira, 26 de agosto de 2024, programa que é apresentado pelo radialista Roberto Gonçalves de segunda a sexta-feira, das 7h às 9h, pela Arari FM 90,3, a Rádio Forte do Sertão, e quer ouvir o tirinête de notícias agora, é só clicar no player abaixo.