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Relatórios contestam Simone Tebet de que empréstimo à Argentina não teve dinheiro brasileiro

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Brazil’s former President (2003-2010) and presidential candidate for the leftist Workers Party (PT), Luiz Inacio Lula da Silva (R), shakes hands with former presidential candidate Simone Tebet (MDB), after a meeting in Sao Paulo, Brazil, on October 7, 2022. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP)

Relatórios oficiais de demonstrativos financeiros apontam que o Brasil já injetou recursos no Banco de Desenvolvimento da América Latina, o chamado CAF, equivalentes a cerca de R$ 2,6 bilhões ao longo dos últimos dez anos. A instituição emprestou US$ 1 bilhão à Argentina recentemente, em uma operação que a ministra Simone Tebet, do Planejamento, afirmou não ter dinheiro do país.

A notícia de que o CAF fez a operação à Argentina como um “empréstimo-ponte” para acessar recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) surgiu na quarta (4) a partir de uma apuração do jornal O Estado de São Paulo. Segundo a reportagem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria pressionado a ministra para encaminhar a operação no banco – ela é governadora do Brasil na instituição – e influenciar a votação dos outros 18 países-membros.

Isso porque a Argentina, segundo o Estadão, já tinha atingido o limite de crédito no CAF, mas precisava da operação para ter acesso a um empréstimo de US$ 7,5 bilhões do FMI para socorrer a combalida economia local. Lula apoia o atual ministro da Economia argentino, Sergio Massa, para a sucessão presidencial do amigo Alberto Fernández na eleição do dia 22 de outubro.

Horas depois, Simone Tebet negou que tenha recebido qualquer ordem de Lula para facilitar a liberação do empréstimo ou influenciar na votação dos outros países, mesma posição adotada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) mais tarde.

No mesmo dia, Simone Tebet teve de dar explicações a deputados e senadores da Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional sobre a operação, em que disse que “não tem dinheiro federal brasileiro lá, não estamos tirando dinheiro do Brasil para colocar lá”.

No entanto, relatórios do CAF consultados pela Gazeta do Povo apontam que o Brasil já aportou recursos próprios ao longo dos últimos dez anos – período em que há balanços disponibilizados para consulta pública.

Veja abaixo os aportes feitos pelo Brasil na instituição desde 2013 até junho de 2023, data do último relatório disponível. Os valores estão apresentados em dólar e em real seguindo a cotação oficial de cada período:

Ano Capital (US$) Variação ao ano anterior (US$) Cotação US$-R$ Capital (R$)

2013 301.835.000 – 2,33 703.450.300
2014 330.835.000 28.925.000 2,67 883.329.450
2015 347.170.000 16.335.000 3,87 1.343.547.900
2016 426.410.000 79.240.000 3,38 1.633.150.300
2017 440.490.000 14.080.000 3,79 1.444.807.200
2018 447.550.000 21.140.000 3,79 1.696.214.500
2019 447.550.000 – 4,18 1.870.759.000
2020 462.390.000 14.840.000 5,48 2.533.897.200
2021 472.620.000 10.230.000 5,41 2.556.874.200
2022 516.555.000 43.935.000 5,30 2.737.741.500
2023* 547.895.000 31.340.000 4,91 2.690.164.450

Fontes: relatórios oficiais do CAF dos anos de 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022 e parcial de 2023, e cotações do dólar ano a ano.

Os relatórios apontam que apenas o ano de 2019 não teve aportes do Brasil, o primeiro da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos dois anos seguintes, o governo destinou apenas cerca de US$ 15 milhões ao banco. A capitalização no CAF, no entanto, deu um salto em 2022, último ano de gestão de Bolsonaro, de US$ 43,9 milhões.

Por outro lado, apenas nos seis primeiros meses de 2023, o governo Lula já encaminhou mais da metade do montante de 2022 (US$ 31,3 milhões).

O Ministério do Planejamento foi procurado pela Gazeta do Povo para explicar os aportes feitos pelo país no CAF e a declaração de Simone Tebet. O espaço está aberto para resposta. (Gazeta do Povo)

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