A publicação do Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) do primeiro bimestre de 2024 da gestão do prefeito João Campos (PSB) no Recife revelou que houve uma redução de 34% do total de despesas pagas pela gestão nos dois primeiros meses do ano eleitoral em relação ao mesmo período de 2023.
De acordo com os dados publicados na quinta (28), no Diário Oficial do Município, a administração pagou R$ 429,7 milhões no período enquanto em 2023 foram dispendidos R$ 646,39 milhões.
Segundo fontes da oposição, isso ocorre porque a gestão fechou ano passado com dificuldades nas contas, repassando para 2024 uma parcela significativa das despesas de exercícios anteriores, as chamadas DEA: de acordo com dados apurados pela oposição no sistema financeiro do município, esse ano já são R$ 192,3 milhões pagos de DEA enquanto foram R$ 86,5 milhões no mesmo período de 2023.
No início de março, o Blog de Jamildo revelou que a gestão municipal pagou as contas do Reciprev e do Recifin de dezembro e do 13º salário de 2023 – especificamente as contribuições patronais – apenas entre o final de fevereiro e o início de março.
O líder da oposição na Câmara, vereador Alcides Cardoso (PSDB), chegou a chamar o ato de “pedalada”, ressaltando que houve em 2023 mais despesas do que receitas e que a quantidade de anúncios levantados pelo prefeito e o custo do carnaval, que teria ultrapassado R$ 70 milhões, não se sustentavam.
A prefeitura afirmou que o pagamento até fevereiro é permitido por lei e que não houve qualquer pedalada. De acordo com o vice-líder da gestão Campos, Rinaldo Júnior (PSB), que defendeu a Prefeitura na tribuna da Câmara, “o que foi feito está previsto na lei. A Prefeitura do Recife cumpriu o que está na lei e os pagamentos podem ser feitos, nesse caso, até fevereiro”. Ainda segundo Rinaldo, a prefeitura fechou o ano de 2023 com “superávit de R$ 970 milhões”.
Também na quinta, a gestão João Campos republicou os balanços fiscais de 2023, que indicam que a Prefeitura fechou o ano passado com déficit primário de R$ 403,8 milhões enquanto havia o planejamento na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para que se alcançasse um superávit primário de R$ 339,3 milhões.
“Todos perguntam de onde vem tanto dinheiro da gestão João Campos, para obras, decoração natalina, carnaval, mas na realidade houve um descompasso e eles estão tendo que regular em pleno ano eleitoral, o que é um grande desafio. Reduzir o nível de pagamentos em mais de trinta por cento em início de ano de reeleição não é comum”, afirmou fonte da oposição. (JC Online)