Guerra entre facções deu início a motim neste sábado; prisões abrigam 1.140 pessoas.
O Globo / Foto: divulgação PM-RN
BRASÍLIA — Uma rebelião que teve início na tarde deste sábado nas penitenciárias estaduais de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga, que são vizinhas, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal (RN) deixou pelo menos dez mortos, segundo o governo local, que acredita que o número deve aumentar. Ao G1, o coordenador de administração penitenciária do estado, Zemilton Silva, afirmou que pelo menos três presos foram decapitados.
INFOGRÁFICO: Mapa das facções nos presídios brasileiros
O motim no Rio Grande do Norte é mais um capítulo da crise do setor penitenciário, que já teve rebeliões em cadeias do Amazonas e de Roraima.
O secretário de Justiça e Cidadania do governo estadual, Wallber Virgolino, afirmou ao GLOBO no início da noite que a situação era crítica mas que a Polícia Militar estava retomando o controle do presídio. Segundo ele, os policiais já haviam conseguido entrar na penitenciária, mas havia espaços dentro do local que ainda estavam sobre o controle dos presos.
— Os policiais já entraram, estamos retomando o controle, mas sabemos que a situação é crítica. O presídio é muito extenso, não conseguimos chegar a todos os locais ainda — disse, durante a rebelião.
A PM, porém, informou ao G1 que apenas a área externa de Alcaçuz estava sob o controle das autoridades. As saídas foram bloqueadas e o Corpo de Bombeiros está fazendo barricadas no local. Segundo o G1, policiais militares e agentes penitenciários ainda esperam para entrar nos pavilhões controlados pelos presos.
— A intervenção é impossível agora. No momento estão todos soltos lá dentro, e armados. Nossa missão é evitar que ele saiam — declarou o major Camilo, da PM, ao G1.
BRIGA ENTRE FACÇÕES
Uma briga entre duas facções PCC e Sindicato do Crime gerou o motim. É o mesmo motivo que fez eclodir as rebeliões que mataram 64 no Amazonas e 33 em Roraima nos primeiros dias do ano. O novo motim fez passar de 100 o número de presos mortos em penitenciárias do país desde o início do ano, já que a Paraíba também registrou duas mortes.
Questionado sobre se o estado havia pedido ajuda para o governo federal, Virgolino se limitou a dizer que, sobre esse assunto, quem deve opinar é o governador, que tem contato direto com o ministro da Justiça. Procurado, o Ministério da Justiça informou que não houve pedido de auxílio por parte do estado, mas que acompanha de perto o problema. Segundo a assessoria de imprensa, se houver um pedido de socorro por parte do Rio Grande do Norte, o governo vai procurar atender da forma como fez com os estados do Amazonas e de Roraima.