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Sempre que questionada sobre as eleições, a prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB) se esquiva e nunca assume sua pré-candidatura, apesar de o pai dela, o ex-governador João Lyra Neto, e o vice-presidente do PSDB em Caruaru, Rubens Junior (que tem sido articulador de conversas e alianças pelo interior), gritarem aos quatro ventos que o estado terá uma governadora, reforçando a intenção da tucana de concorrer ao pleito.
Colocando oficialmente o pé na estrada, a gestora passou por alguns municípios do Agreste nesta sexta-feira (29). Entre eles, Garanhuns, onde filiou o ex-prefeito e pré-candidato a deputado estadual Izaías Régis. Durante o evento, que tinha cara de convenção partidária, todas as falas foram no sentido da renovação que a prefeita representa, mas o momento crucial foi o do discurso de Raquel, que incorporou de vez o papel de pré-candidata ao Governo de Pernambuco.
Com falas políticas, ela fez diversas críticas ao governo Paulo Câmara (PSB). “Onde estão os projetos de Pernambuco? Quando a gente olha pra trás, pensa assim: ‘poxa, o que esse governo apresentou nos últimos oito anos?’”, questionou. “As coisas ficaram no meio do caminho. O Hospital da Mulher, que podia ‘tá’ atendendo 2 milhões de pessoas da macrorregional de saúde que Caruaru é sede, Garanhuns faz parte, não ‘tá’ funcionando. A obra ‘tá’ paralisada desde 2015”, continuou a gestora.
Raquel ainda disse não acreditar que as obras que não andaram em Caruaru sejam um resultado dos problemas de relacionamento entre ela e Paulo Câmara.
“E não é privilégio de Caruaru. Porque querem transformar isso numa ‘arenga’, dizendo que isso é uma coisa pessoal comigo e não é, porque o Hospital Mestre Dominguinhos aqui [em Garanhuns] também não andou, porque o complexo de Polícia Civil do interior lá do Sertão também não andou. A obra [do Complexo de Polícia Científica] ‘tá’ paralisada lá em Caruaru desde 2014. Havia um problema na conexão do ar-condicionado e aí foi feito um projeto novo, licitou o projeto e a obra não andou. E quem morre em Pernambuco, quem morre aqui no Agreste, precisa fazer a perícia lá em Caruaru, no Hospital Regional do Agreste, com um funcionário emprestado da Prefeitura em condições absolutamente inadequadas […] Não dá ‘pra’ vítima e agressor estarem na mesma sala ‘pra’ fazer perícia. Não dá ‘pra’ morrer uma pessoa aqui assassinada e ter que ir ‘pro’ Recife ou esperar até segunda-feira. Isso é descaso. Isso é omissão. Isso é falta de liderança”, criticou Raquel.
Ela ainda reforçou o que já tinha falado em uma entrevista há algumas semanas, dizendo não ser procurada pelo governador.
“Eu sou prefeita há cinco anos e dez meses. Eu nunca recebi uma ligação do governador ‘pra’ saber como é que meu povo estava. A gente enfrentou greve de caminhoneiro, a gente enfrentou enxurrada, a gente enfrentou pandemia. Eu sou prefeita da principal cidade do interior de Pernambuco, a maior cidade do interior de Pernambuco. Se faltava dinheiro, e é isso que se fala, deveria se sobrar solidariedade”, alfinetou.
Por fim, Raquel fez questão de farpear o Plano Retomada, no qual Paulo Câmara tem feito diversos anúncios de investimento para Pernambuco.
“A gente não pode ficar esperando sete anos a estrada ficar toda esburacada ‘pra’ poder se chegar como salvador da pátria, de última hora, e tentar dizer ‘pra’ gente que agora esse é um plano de retomada. Não é”, enfatizou.
A prefeita ainda fez questão de falar sobre o movimento liderado por ela e o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL), que também é pré-candidato ao Governo do Estado.
“Não existe solução fácil ‘pra’ problema difícil. Problema complexo precisa de união, precisa de muita capacidade de ouvir, de poder enxergar os números, de poder conversar com a população e é isso que o movimento Levanta Pernambuco quer fazer em todas as regiões do nosso estado […] Mais do que projeto pessoal, nesse momento, até pra não diminuir o debate, a importância do debate, de dizer se é Maria, Zé ou João quem vai ser o candidato aqui, quem vai ‘tá’ em qual posição… aqui todo mundo joga junto”, reforçou Raquel.