Presidente do partido recuou após declarações de FH em favor da participação dos tucanos em ministério.
Agência O Globo
BRASÍLIA — Após mais de uma semana de embates públicos entre algumas das principais lideranças do partido, o PSDB decidiu nesta terça-feira que dará apoio integral ao governo de Michel Temer, inclusive com a participação em ministérios caso haja convite. A unidade tucana só saiu após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aderir à linha que vinha sendo defendida pelos senadores José Serra (SP) e Aloysio Nunes Ferreira (SP) e defender publicamente o apoio integral da legenda ao governo peemedebista. Assim, acabou sendo derrotada a posição de apoio apenas parlamentar, que vinha sendo propagada pelos dois principais pré-candidatos da legenda à presidência: o senador Aécio Neves (MG) e o governador Geraldo Alckmin (SP).
Um dia após o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PMDB) ser contra a nomeação de integrante do partido, o tucano disse não ver o menor problema “se houver convite”. Para ele, o partido deve ajudar o país, principalmente na questão econômica.
— O que nos parece importante é o modelo político brasileiro, que se esgotou. É preciso recuperar a atividade política do país. O PSDB vai colaborar, vai participar deste novo trabalho, nessas reformas que são importantes. A participação de membros do partido, se houver convites e alguém quiser participar, não vejo o menor problema. Mas essa não é a questão central. Ninguém vai brigar para participar do governo — disse ele, após presença na inauguração do centro de convenções São Paulo Expo.
Presidente nacional do partido, Aécio passou o dia em reuniões com deputados e senadores tucanos. Além da posição de FH, influenciaram no recuo a avaliação de que a preocupação com as eleições de 2018 e a crescente evidência do racha partidário haviam repercutido negativamente na sociedade. Pelo acordo costurado nesta terça em Brasília, os tucanos apresentarão na próxima semana uma agenda emergencial de medidas com as quais Temer deverá se comprometer a adotar e os eventuais convites para ministérios precisarão se dar de “forma institucional”. Eles ocorreram logo após o anúncio do acordo. À noite, Temer chamou para a primeira reunião os líderes tucanos no Senado e na Câmara, Cássio Cunha Lima (PB) e Antônio Imbassahy (BA).
— De ontem para hoje a ficha caiu. As discussões do fim de semana não foram felizes. Discutir 2018 no momento em que o país sangra apequena a participação do PSDB no momento de enfrentar a crise. A fala do Fernando Henrique (em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”) reflete a evolução desse raciocínio de que o PSDB deve participar de corpo inteiro, de forma institucional. Discutir 2018 agora é covardia — explicou o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).