A projeção é de que em 2022 o Nordeste esteja gerando praticamente 100% de energia a partir do vento
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“Este foi um leilão histórico para o Brasil.” O entusiasmo de Everaldo Feitosa, presidente da Eólica Tecnologia, traduz a importância crescente que a energia limpa tem para Pernambuco. A empresa de Feitosa integra, junto com a dinamarquesa European Energy, os consórcios Ouro Branco e Quatro Ventos, responsáveis por trazer mais três usinas eólicas (Ouro Branco I, Ouro Branco II e Quatro Ventos) para o Estado. Os empreendimentos – contratados no leilão A-6, realizado ontem – representam um investimento de R$ 500 milhões. O aporte se soma aos R$ 850,1 milhões já garantidos pelo setor elétrico local com a construção de cinco usinas solares, que venceram o leilão A-4 na última segunda-feira e vão gerar 300 empregos diretos e 900 indiretos.
Operacionalizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o leilão de ontem envolveu investimentos de quase R$ 14 bilhões em 63 empreendimentos de geração, sendo 49 deles de usinas eólicas (691,8 MW médios). A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, explica que a forte presença das eólicas no certame reflete questões conjunturais, como a queda do custo do capital, além de melhorias na tecnologia de produção dos equipamentos.
Capacidade
Os projetos de Pernambuco possuem capacidade instalada total de 82 MW, o suficiente para atender a uma população de 800 mil pessoas. No Nordeste, também foram contemplados os Estados do Piauí (17 usinas), Rio Grande do Norte (12 usinas), Paraíba (9 usinas), Maranhão (4 usinas) e Bahia (4 usinas).
“Até 2022 o Nordeste estará gerando praticamente 100% de sua energia a partir do vento. É um fato mundial histórico, só temos a comemorar, pois a região, com 40 milhões de habitantes, será a primeira do planeta a ter toda a sua energia gerada a partir de uma fonte limpa e renovável”, explicou Feitosa.
Ainda segundo o gestor, as obras das usinas devem começar em aproximadamente dois anos. Até lá, vários estudos serão elaborados para viabilizar as construções. “Uma das características dos projetos de energia eólica é que eles demandam um tempo elevado de planejamento, pois é necessário medir o vento, que é o nosso combustível, de forma muito precisa, a cada segundo, por sistemas de medição automáticos. Eu acredito que, com as licenças ambientais, as obras devem ser iniciadas em 2020”, revelou.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), todas as usinas deverão iniciar o fornecimento de energia elétrica a partir de 1º de janeiro de 2023.