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Procurador da Lava Jato vê no STF encenação para impedir prisão de Lula com final previsível

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Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que o Supremo “desejava somente impedir que a Justiça criminal se tornasse verdadeiramente republicana com a pura e simples aplicação do precedente e a prisão de Lula”

Por Jovem Pan / Gabrielli Mendes/Jovem Pan

O procurador regional Carlos Fernando dos Santos Lima, membro da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, escreve nesta quarta (28) artigo na Folha de S. Paulo em que se mostra desesperançoso com o futuro da Operação.

Citando o jornalista Apparício Torelly, o procurador disse: “de onde menos se espera, daí que não sai nada”.

O procurador chamou a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) do último dia 22 que concedeu um salvo-conduto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “teatro de absurdos”.

Fernando dos Santos Lima criticou o decano Celso de Mello, “que colocou a presidente do Supremo (Cármen Lúcia) perante o dilema de abrir ela mesma as cortinas do HC do condenado Luiz Inácio Lula da Silva, ou de se ver pela primeira vez na história do STF obrigada a pautar uma medida por uma questão de ordem dos demais ministros?”

O procurador destacou ainda que o pedido de “habeas corpus” preventivo de Lula “passou à frente de 5.000 outros” e disse que se “desejava somente impedir que a Justiça criminal se tornasse verdadeiramente republicana com a pura e simples aplicação do precedente e a prisão de Lula”.

Para Carlos Fernando, a retórica construída no STF sobre o perigo da prisão após 2ª instância é “falsamente voltada a todos os pobres condenados deste Brasil”.

“Tratava-se, na realidade, apenas de um pot-pourri —no sentido literal dessa expressão, ‘panela de carnes podres’— de colocações sem sentido que visavam apenas a resolver o problema prisional do ex-presidente”, escreveu.

O procurador criticou também a apresentação de cartão de viagem pelo ministro Marco Aurélio Mello como justificativa para pedir a suspensão do julgamento e chamou de gesto teatral, cômico e trágico o “brandir de um check-in, como se a presença daquele julgador fosse imprescindível à decisão”.

Fernando Lima disse que o Brasil se tornou “um grande circo” e é pessimista com o desfecho do julgamento de Lula.

Ele escreve: “Dessa história, contudo, sabemos o final. A trama não ilude ninguém. Ainda vão decidir o mérito, dizem os espectadores mais esperançosos com o próximo capítulo. Ainda há fé na redenção para alguns personagens, pensam. Mas, de onde menos se espera, nenhuma surpresa acontecerá. Apresentam-nos um drama em que o formalismo e o fausto das vestes não escondem um final previsível e bem ensaiado”.

O procurador da Lava Jato concluiu citando Orwell, em sua fábula que narra um Estado tirano.

“Estamos diante apenas de mais uma encenação, como a do clássico ‘A Revolução dos Bichos’ de George Orwell. Se não deixarmos clara nossa indignação, ouviremos como a última fala do porco triunfante: “‘Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros’”, escreveu.

O “final previsível” esperado pelo procurador e a frase “de onde menos se espera nenhuma surpresa acontecerá” têm sido entendidos como uma referência ao voto da ministra Rosa Weber, tido como decisivo na concessão ou não do habeas corpus a Lula e também na discussão sobre prisão após condenação em 2º grau.

Em entrevista nesta última segunda (26), o juiz federal da Lava Jato em Curitiba, Sergio Moro, elogiou Rosa Weber mandando um recado à magistrada.

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