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Presidente do partido de Marçal diz que recebeu decisão antecipada de Moraes e teve apoio de Temer e Pacheco

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Foto: reprodução

Por Paulo Cappelli / Metropóles)

Presidente do PRTB, partido de Pablo Marçal, Leonardo Avalanche usou os nomes do ministro do STF Alexandre de Moraes, do ex-presidente Michel Temer e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na briga para assumir o controle da legenda. Isso é o que mostra um áudio gravado por um integrante da sigla, procurado por Avalanche dias antes da eleição interna. Trechos da gravação, feita em fevereiro deste ano, foram anexados a um pedido de afastamento cautelar de Avalanche. O processo corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na busca por votos para se tornar presidente nacional do PRTB, Avalanche disse a dirigentes do partido ter uma relação próxima com Moraes, Temer e Pacheco. O empresário afirmou que os três estariam por trás de um movimento para colocá-lo à frente do partido. E alardeou ter um suposto acesso antecipado a decisões judiciais de Moraes no TSE.

“Você já deve ter ouvido falar de mim porque até a decisão da 8ª [Vara, que derrubou a eleição interna no PRTB] eu pilotei, a decisão do ministro [Alexandre de Moraes]”, disse Avalanche no áudio. Em seguida, ele reproduz a conversa que teve com um colega: “Eu falei: ‘Adriano, eu vou fazer intervenção’. Ele respondeu: ‘Você é louco, não vai não, nós vamos ganhar’. Até então ele não era comigo, né? Eu falei, ‘sim, vai sair uma decisão quarta-feira que vem, grava bem’. Aí eu mostrei para ele [a decisão do TSE] uma semana antes. Sou um cara bem relacionado”.

A decisão de intervenção mencionada por Avalanche foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes e publicada no dia 19 de dezembro de 2023, uma terça-feira. Nela, o TSE decidiu intervir no partido para cessar as disputas pelo controle da sigla desencadeadas após a morte do dirigente Levy Fidelix.

Em outro momento, na mesma conversa, Avalanche continuou: “Eu já tenho acordo com o ex-presidente, que me ajudou a construir isso desde março, o [Michel] Temer, com o Alexandre [de Moraes]… Ninguém imaginava uma intervenção, então construímos isso. Vou te mostrar as peças aqui, eu trocando ‘zapzap’ desde março. O Temer me chamou. (…) Ele perguntou: ‘Leo [Avalanche], como você vai assumir a intervenção, fazer a eleição para você mesmo assumir [a presidência]?’. Foi aí que o Luciano [Fuck] entrou [como interventor]”, disse Avalanche no áudio. Ouça a gravação:

Em outro momento, Avalanche afirma ter uma relação próxima com Pacheco: “Amanhã você vai comigo pegar um voo, vamos lá no Rodrigo Pacheco, você vai ver no ‘zap’ dele… Ele mostra para você (a conversa) junto com o interventor e quem indicou. Nós traçamos o método”. Em seguida, Avalanche liga para um homem identificado como “Jorge” e coloca seu interlocutor em contato com o suposto chefe de gabinete do presidente do Senador. Na chamada, o homem do outro lado da linha afirma que eles possuem uma “parceria” para fazer o PRTB crescer.

De acordo com o Portal da Transparência do Senado, não há nenhuma pessoa chamada Jorge entre os funcionários do gabinete de Rodrigo Pacheco em 2024 e em 2023. Mas, em 2022, o congressista empregou Jorge André Souza Periquito como assessor parlamentar. Ele foi candidato a prefeito de Belo Horizonte em 2008, pelo PRTB.

O modus operandi de Avalanche teria se repetido numa reunião convocada por Avalanche em um hotel em Alphaville. Ex-integrante do PRTB, Caio Alexandre Gomes da Silva e a ex-vice-presidente do partido Rachel de Carvalho contam, num outro processo contra Avalanche no TSE, que o empresário os convidou para conversar no dia 16 de fevereiro, uma semana antes da eleição que o sagrou o novo presidente da legenda.

Na ação, Caio e Rachel afirmam que Avalanche ameaçou desfiliá-los caso não votassem nele. A pressão aumentou, relatam, quando o empresário mostrou uma lista de filiações retroativas feitas por ele mesmo. Ele alegou ter conseguido isso através da suposta proximidade Alexandre de Moraes.

“Avalanche mostrou uma lista de fundadores, que não eram filiados ao partido antes, e que teriam sido filiados por ele com data retroativa através dessa ligação que ele disse ter com Alexandre de Moraes. Além desta lista, mostrou também uma decisão ainda não publicada pelo TSE, e disse que aquela decisão havia sido encomendada por ele ao interventor, que, poucos dias depois, foi publicada.”

“Leonardo Avalanche mostrou que tinha acesso às senhas do Sistema de filiação partidária (Filia) dos 2 vice-presidentes anteriores, na ocasião interinos do partido, e que com elas, ele pode filiar e desfiliar pessoas”, disse Caio Alexandre em depoimento à Justiça Eleitoral.

Críticas de Malafaia e Carlos Bolsonaro

Recentemente, o pastor Silas Malafaia e o vereador Carlos Bolsonaro criticaram Pablo Marçal após o candidato a prefeito se manifestar contra o impeachment de Alexandre de Moraes. “Esse daí nunca me enganou”, escreveu o religioso sobre o ex-coach.

Ao se mostrar contra o afastamento de Moraes, Marçal argumentou que derrubar o ministro – indicado por Michel Temer em 2017 – seria dar a Lula a oportunidade de escolher um novo nome para o STF.

O que dizem os citados

Assessores de Michel Temer e Rodrigo Pacheco classificaram como “bravatas” as declarações de Leonardo Avalanche. Procurado por meio da assessoria de imprensa do STF, Alexandre de Moraes não se manifestou sobre o assunto. O presidente do PRTB também foi procurado, mas não respondeu. O espaço segue aberto.

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