“Quem gosta de sapato apertado não pode queixar-se dos calos.”
Por Carlos Brickmann
O presidente da Câmara é do PMDB, que apoia Dilma e tem meia dúzia de ministros. E ninguém se surpreenderá se der andamento privilegiado aos pedidos de impeachment que a oposição promete fazer. Marta Suplicy é de seu partido, o PT, foi ministra de seu Governo. Tem falado muito sobre Dilma, nunca para elogiá-la. A oposição, óbvio, é contra Dilma; e, mesmo que não seja muito oposicionista, gosta de falar mal dela. Lula, que a criou, ensurdece o país com seu silêncio, enquanto ela é massacrada. Até José Dirceu, o mais petista dos petistas, dos que acham que nem Lula é ortodoxo como deveria, abre fogo contra Dilma.
Em seu blog – ou seja, por escrito, e assinado, para ninguém ter dúvidas – o Guerreiro do Povo Brasileiro diz que aquela a quem chamava de “companheira de armas” sustenta uma política econômica que coloca o Brasil “na contramão do mundo desenvolvido”. É exatamente o que pensa a oposição, embora faça a mesma crítica pelo motivo oposto. Dilma está sozinha, no olho do furacão.
Aliás, Dilma não está sozinha: sozinha estaria melhor. Tem a seu lado Aloízio Mercadante, Pepe Vargas, Miguel Rosseto, mais aquele senhor generoso que arranjou crédito subsidiado, dos bons, para Val Marchiori. E não foi este colunista, nem o caro leitor, que nomeou e mantém José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça. Quem gosta de sapato apertado não pode queixar-se dos calos.
Dilma tem a força política dos recém-eleitos. Mas é preciso lembrar que Collor não caiu por seus (inúmeros, e graves) defeitos.
Caiu por estar sozinho.