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“Me preocupa que prendam o Lula”, diz Dilma nos EUA

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Dilma Rousseff em discurso na MIT&Harvard Brazil Conference.

Folha de S.Paulo – Foto: LPinfocus.com.

Ao iniciar seu périplo pelos Estados Unidos para defender que o processo de impeachment que a tirou do poder foi um golpe, a ex-presidente Dilma Rousseff disse, neste sábado, que ela se preocupa com a eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Me preocupa muito que mudem as regras do jogo democrático. Me preocupa que prendam o Lula. Me preocupa que tirem o Lula da parada”, disse Dilma, na Brazil Conference, evento organizado por alunos brasileiros na Universidade Harvard, em Boston.

Segundo Dilma, há uma “possibilidade concreta” de que Lula ganhe as eleições presidenciais de 2018, se concorrer. “Infelizmente, para as oposições, ele tem nas pesquisas 38%, com tudo o que fizeram com ele”, disse. “Deixa ele concorrer para ver se ele não ganha.”

Falando pouco antes de um evento com o juiz Sergio Moro, na mesma conferência, Dilma criticou “o uso político e ideológico da Lava Jato” e disse que é “inadmissível” um juiz falar publicamente, fora do processo.

“Não é admissível juiz falar fora de processo, em qualquer lugar do mundo”, disse. “Não concordo com nenhum uso de law fare [uso da lei com fins políticos] porque compromete o direito de defesa. Não podemos em nome das vantagens desse combate [da Lava Jato], que é reduzir a distorção do gasto público brasileiro destinado à corrupção, comprometer o sistema democrático no Brasil”, afirmou.

Dilma também não poupou críticas ao PMDB, do presidente Michel Temer, que disse ter sido “hegemonizado pela direita mais radical do Brasil”, na figura do ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

A ex-presidente reconheceu como um de seus erros “não ter percebido na dimensão necessária” que a coalizão pela qual foi eleita, com o então vice Temer, estava no fim.

“Um centro que é hegemonizado pela direita deixa a coalizão muito difícil”, disse. “O centro democrático do Brasil foi hegemonizado pela direita. O MDB velho de guerra foi hegemonizado pelo Eduardo Cunha. E o Eduardo Cunha não é grave porque ele é corrupto. Ele é grave porque é uma pessoa conservadora em termos econômicos, de civilização e extremamente preconceituosa.”

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