Por Magno Martins
Os R$ 100 milhões repassados pelo Governo Federal ao Recife, via convênio com a Caixa Econômica Federal, além de reforçar o discurso do presidente Bolsonaro de que não discrimina Estados e Municípios geridos por políticos abrigados em legendas de oposição, se por um lado não congela o discurso do prefeito João Campos, pelo menos amortiza os bombardeios num ano eleitoral.
Aparentemente e teoricamente, a parceria salva a gestão do infante. Permite, por exemplo, proteger as famílias residentes em áreas de riscos, como os morros, com a construção de encostas. Viabiliza o Parque das Graças e a ponte Engenheiro Jaime Gusmão, no Monteiro. Mais do que isso, tira do papel o projeto de requalificação dos quiosques da orla de Boa Viagem, cartão postal ao inverso, de tão feio e depreciativo.
Candidato pela Frente Popular para dar continuidade à gestão de Paulo Câmara, o deputado Danilo Cabral (PSB) tem que se conter, a partir de agora, no discurso centrado no anti-Bolsonaro, que trata mal o Nordeste e que olha para o Estado como patinho feio. Já com um ano de Governo, João, aliado de Danilo, tem penado para cumprir promessas de campanha, justamente por falta de parcerias federais e empréstimos internacionais.
A mão amiga de Bolsonaro foi estendida, mas João não veio a público ainda fazer nenhum tipo de agradecimento. Se os R$ 100 milhões fossem conveniados num governo petista, até comerciais na TV e no rádio já estavam sendo massificados, passando a ideia de que os projetos no Estado ou no Recife só andam pela boa vontade de governos de esquerda.
Nem sempre a mão que apedreja é a mesma que afaga.