Município de pouco mais de 36 mil habitantes no interior de São Paulo, a cidade de Aparecida, que vive majoritariamente da atividade do turismo religioso, encontra-se no meio de um caos com as restrições de circulação impostas pelo Governo de São Paulo, atualmente em fase emergencial contra a Covid-19. Segundo o prefeito da cidade, Luiz Carlos Siqueira (Podemos), entrevistado pelo programa “Os Pingos Nos Is”, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 17, mais de 70% da população está desempregada. “Aparecida perdeu ao longo desses 12 meses 12 milhões de peregrinos. É bem sabido que Aparecida é depositária da fé e da esperança do nosso povo. Nossa cidade vive em função da fé, da peregrinação. Nosso sócio econômico se sustenta aos pés da Mãe Aparecida, da padroeira do Brasil, nós não temos uma outra atividade aqui”, lamentou o prefeito, que garantiu não fazer uma colocação de caráter político e narrou uma situação trágica e desesperadora.
“Socioeconomicamente é uma tragédia, uma tristeza se viver aqui, uma tristeza muito maior estar na condição de prefeito governando uma cidade hoje que passa fome. Uma cidade que não tem mais liquidez. Eu não tenho mais recursos próprios, porque se as pessoas não têm mais dinheiro para se comer, muito menos elas terão dinheiro para pagar os tributos”, disse, emocionado. Siqueira lembrou que outras cidades do estado funcionam com ajuda de empresas e indústrias, enquanto Aparecida é movida pela fé. “Hoje a cidade está fechada, o santuário não tem missa. Estamos aqui suplicando ao Deus pai todo poderoso uma bênção para que a gente possa resolver nossa tragédia socioeconômica”, afirmou. Para o prefeito, a abertura do comércio seria a primeira atitude que ele tomaria caso tivesse autonomia. Usando dados da pandemia na cidade, ele acionou a Justiça contra o decreto do governador João Doria e conseguiu uma liminar para continuar na Fase Laranja do Plano SP, que permitiria a abertura parcial dos serviços. A liminar, porém, foi cassada em seguida.