O ex-presidente da Petrobrás Jean Paul Prates disse a amigos que considerou sua demissão “humilhante” e está avaliando a possibilidade de se desfiliar do PT. Prates foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira, 14, na presença dos ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, que defendiam abertamente sua saída do cargo.
“Não sei se ficarei no PT depois dessa”, escreveu Prates, na madrugada desta quarta-feira, 15, em mensagem enviada para um amigo, à qual o Estadão teve acesso. “A forma dessa demissão foi muito humilhante. O partido não trata dos seus quadros. Está condenado a envelhecer e se perder em meio a alianças cada vez mais exigentes e perigosas”.
Lula já planejava demitir Prates há algum tempo, mas a gota d’água ocorreu quando ele pediu uma “conversa definitiva” com o presidente por não aguentar mais ser bombardeado por Silveira e Costa. A portas fechadas, Lula disse a dirigentes do PT, mais de uma vez, que demitiria Prates porque não era possível conviver com aquele conflito e, além disso, não admitia ser enquadrado.
Na prática, quem segurou o presidente da Petrobras foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um dos poucos que ficaram a seu lado.
A briga foi escancarada em março por causa da distribuição dos dividendos da Petrobras. Prates defendia o pagamento da remuneração extra aos acionistas da companhia, como acabou ocorrendo, enquanto Costa e Silveira diziam que era necessário reter R$ 43 bilhões para não comprometer o plano de investimentos da empresa, de US$ 108 bilhões até 2028.
O pano de fundo da divergência, porém, nunca foi esse. Tanto Costa como Silveira queriam derrubá-lo há mais de um ano. O embate envolvia desde cargos no Conselho de Administração da Petrobras à venda de uma refinaria da empresa na Bahia, que foi privatizada no governo de Jair Bolsonaro.
O negócio ocorreu quando Costa era governador da Bahia. Prates dizia que a refinaria tinha sido vendida por um terço do preço e tentava uma operação para a Petrobras recomprá-la. O ministro da Casa Civil sempre foi contra.