André Ferreira (PSC) é um dos políticos evangélicos que miram espaço na majoritária em 2018
Paulo Veras JC Online / Foto: Kerol Correia/Alepe
Força expressiva do eleitorado, o segmento evangélico terá papel central nas eleições de 2018. Em uma eleição sem doação empresarial, grupos com força de mobilização terão vantagem ao contar com um eleitorado fiel. Em Pernambuco, pelo menos dois aliados evangélicos do governador Paulo Câmara (PSB) admitem interesse em disputar o Senado: os deputados estaduais André Ferreira (PSC) e Cleiton Collins (PP).
Segundo o censo de 2010, mais de 20% da população de Pernambuco se declara evangélica, entre as diversas igrejas e denominações. Na época, isso representava um contingente de 1,7 milhão de pessoas, segundo o IBGE.
“A gente está no jogo. Nossa participação na chapa é importante e eles sabem disso”, afirma André Ferreira. Ele calcula ganhar força na corrida porque o irmão, Anderson Ferreira (PR), é prefeito de Jaboatão dos Guararapes, segunda maior cidade do Estado.
Mas o recém-turbinado PP, com 14 deputados estaduais, também briga pela vaga. Um dos progressistas de olho é o pastor Cleiton Collins. “Nós somos hoje mais de um milhão de votos evangélicos. Na população, hoje, somos quase 30%”, calcula.
O voto religioso faz diferença nas urnas por ser fervoroso. Pesquisa Datafolha divulgada em outubro de 2017 mostra que 26% dos evangélicos costumam levar em consideração os candidatos apoiados por seus líderes religiosos antes de votar. No levantamento, 16% dos evangélicos confessam já terem escolhido candidatos recomendados pela igreja.
“Todos são cidadãos brasileiros e têm o mesmo peso. Ninguém está sendo obrigado a votar em ninguém. A igreja não interfere no voto de cada membro”, defende o Pastor Eurico (PEN), segundo deputado federal mais votado em 2014 e fiel da Assembleia de Deus.
Puxadores de voto
Na Frente Popular, os nomes de Eurico e do presbítero Adalto Santos (PSB) são apontados como puxadores de voto capazes de fazer frente aos cabeças das chapinhas montadas pelo PP e PSC. Segundo colocado na corrida para a Alepe na última eleição, Adalto admite que 95% dos seus votos vêm de membros da Assembleia de Deus.
“Indicar um evangélico para o Senado somando a chapa com Jarbas Vasconcelos (MDB) seria muito bom”, projeta Adalto. “André somaria mais. Até por ter Anderson como prefeito de Jaboatão”, indica a preferência o evangélico socialista.
Com a eleição de Anderson, em 2016, Eurico passou a ser o único representante do segmento na bancada federal pernambucana. Já na Alepe, são sete nomes. A projeção de integrantes da bancada evangélica no Legislativo estadual é que ela salte para até dez parlamentares; cerca de 20% do total.
Oposição
Na oposição, há pelo menos um evangélico de olho na disputa majoritária, o deputado estadual Odacy Amorim, um dos três pré-candidatos a governador pelo PT. “As pessoas votam de acordo com seus princípios. Mas elas têm que tomar o cuidado de não se deixar manipular. É preciso encontrar o equilíbrio entre a fé a razão”, pede.
Outro evangélico na oposição é o pastor Ossésio Silva (PRB), que pretende deixar a Alepe e tentar uma vaga de deputado federal “dentro da missão da Igreja Universal”. “O povo evangélico, em geral, é um povo muito unido. E tem voto para todo mundo. A Universal tem seu rebanho, e a Assembleia tem seu rebanho”, resume.