Por Claudio Humberto
Petrolão se arrastará, paralisando o Congresso
Como no mensalão, o caso envolvendo políticos no assalto à Petrobras deve paralisar o Congresso, este ano. Mas, ao contrário do mensalão, quando o então procurador-geral da República Antônio Fernando Souza transformou o trabalho dos procuradores em denúncia ao Supremo Tribunal Federal, o atual “PGR” Rodrigo Janot optou pelo “pedido de inquérito”, o que fará esse caso se arrastar por vários anos.
Mesmo queimando a etapa de “novos inquéritos”, o mensalão só seria julgado 8 anos depois. O petrolão pode durar até o dobro desse tempo.
Parlamentares que não se envolveram no caso terão de esperar o fim dos inquéritos para só então instruir processos punitivos no Congresso.
Inquéritos que se arrastam por anos só beneficiam os acusados, que apostam na memória fraca do eleitor e na prescrição dos crimes.
Rodrigo Janot acha que “fatiando” o caso do Petrolão em 28 inquéritos, como pediu ao STF, poderá agilizar os processos. Humm…
José Dirceu pode ser grande estrela na nova CPI
O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, condenado à prisão por chefiar a quadrilha do mensalão, está entre as figuras mais requisitadas para prestar depoimento na nova CPI da Petrobras, na Câmara. Dos 264 requerimentos já apresentados,
propondo convocações, Dirceu rivaliza com acusados no roubo à Petrobras, como o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor Paulo Roberto Costa e diretores de empreiteiras.
Deve ser rejeitada a convocação, na CPI, da perua Val Marchiroi, que teve generosos empréstimos do Banco do Brasil de Aldemir Bendine.
Ex-BB e atual chefão da Petrobras, Bendine é quem vai depor na CPI. Aí serão inevitáveis perguntas sobre suas relações com Val Marchiori.
Poucas semanas depois de assumir a presidência, Bendine já começou a reforma na Petrobras. Mas só na arrumação dos gabinetes.
Um acerto sujo está por trás do “acordo de leniência” com empreiteiras que assaltaram a Petrobras. Mais que empresas, a “leniência” poupa seus donos, que ficaram ainda mais ricos no petrolão e cujos nomes – à exceção de Ricardo Pessoa, da UTC – nem aparecem no escândalo.
Mais um pouco e o Supremo Tribunal Federal pediria desculpas ao mensaleiro José Genoino por tê-lo condenado no primeiro caso escabroso de corrupção do governo Lula. Tanto barulho por nada.
Funcionário da Odebrecht desabafou ontem que não aguenta mais a expectativa de operação da Polícia Federal. “Vivemos assombrados”, diz, “até porque não sabemos quantos e quem de nós serão presos”.
Relator da parte da Lava Jato que coube ao Superior Tribunal de Justiça, o ministro Luiz Felipe Salomão é um dos favoritos à vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Se for confirmado, será o quinto carioca em onze ministros do STF.
A crise é grave no Amapá. Os telefones das repartições estão cortados. O governador Waldez Góes não se queixa: apesar das promessas de cortes, aumentou o próprio salário de R$ 24 mil para R$ 30.471.
A representação do Amapá em Brasília sofre com o atraso de três meses do aluguel das salas onde funciona. O salário do “embaixador” do Amapá no DF, o ex-senador Gilvam Borges, contudo, está em dia.
Advogado-geral da União, Luís Inácio Adams deve ter se confundido ao afirmar que os acordos de leniência “permitem um combate efetivo à corrupção”. Deveria ter dito que a corrupção é o que força os acordos.
Segundo a revista The Economist, a economia brasileira “escorregou” nos últimos anos: a média de crescimento no primeiro governo Dilma foi de 1,2%/ano e pior: “o governo não tem mais dinheiro para investir”.
…ao contrário da histórica Lista de Schindler, na lista de Janot ninguém quer entrar.