Janot quer inclusão de Lula e Cardozo em inquérito sobre suspeita de obstrução da Justiça em nomeação do petista para Casa Civil .
Agência O Globo
BRASÍLIA — O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de abertura de inquérito para investigar a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo.
No pedido, que deve ser analisado nos próximos dias, Janot cita suposta obstrução à Justiça na tentativa de atrapalhar as investigações da Lava-Jato na nomeação de Lula para a Casa Civil. As acusações foram feitas pelo senador Delcídio Amaral (sem partido), que se tornou delator da Lava-Jato após ser flagrado tentando comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Janot também menciona a nomeação do ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça. Delcídio disse, na delação, que Navarro foi nomeado sob compromisso de conceder liberdade a donos de empreiteiras presos. Ele nega.
O pedido de abertura de inquérito será analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF. A investigação é sigilosa, por envolver telefonemas entre Dilma e Lula, divulgadas pelo juiz Sérgio Moro em 17 de março.
Nas gravações, Dilma diz a Lula que enviará o termo de posse para o seu uso, em caso de necessidade. A nomeação de Lula para a Casa Civil daria a ele foro privilegiado, retirando a investigação das mãos do juiz Sérgio Moro. Seis dias depois, Teori decretou o sigilo das interceptações.
Em parecer enviado ao STF no mês passado, Janot afirmou que houve desvio de finalidade na nomeação de Lula. Para o procurador, o governo operou em várias frentes para tentar prejudicar as investigações contra o ex-presidente.
“A nomeação e a posse do ex-presidente foram mais uma dessas iniciativas, praticadas com a intenção, sem prejuízo de outras potencialmente legítimas, de afetar a competência do juízo de primeiro grau e tumultuar o andamento das investigações criminais no caso Lava Jato”, escreveu Janot.