Por Folha de São Paulo
A Polícia Federal mudou durante a investigação da suposta trama golpista o tratamento dado ao então comandante do Exército no último ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL), general Marco Antônio Freire Gomes.
Em novembro de 2023, quando fez a primeira representação sobre o caso ao STF (Supremo Tribunal Federal), a PF citava indícios de que Freire Gomes havia resistido à pressão para aderir a um golpe de Estado, mas dizia que era preciso apurar uma possível omissão por ele ter tido conhecimento da trama ilegal e, apesar de ocupar o importante cargo de comandante do Exército, nada ter feito.
A PF ainda dava, nesse primeiro relatório, importante peso à nota pública assinada pelos comandantes das três Forças em 11 de novembro de 2022. O documento foi visto à época como um recado ao Judiciário e um aval para a manutenção dos acampamentos diante dos quartéis-generais do Exército.
Já no relatório final da PF, entregue ao STF no último dia 21, não há menção à suspeita de omissão diante da suposta trama golpista, a nota de 2022 é tratada de forma lateral, e a resistência do general é descrita como a principal razão para que Bolsonaro não tenha levado a cabo a tentativa de golpe.