Tribunal afirma que 50% da água encanada no estado se perde em vazamentos de tubulações e adutoras.
Por Bruno Fontes, TV Globo
Uma auditoria especial realizada pelo Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) apontou que o estado tem o pior índice de disponibilidade hídrica do Brasil. O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (19), foi feito para identificar os principais problemas que afetam o abastecimento de água no Agreste pernambucano.
Além da escassez natural por falta de chuva, o tribunal afirma de 50% da água encanada que é servida pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) se perde em vazamentos de tubulações e adutoras.
A disponibilidade hídrica é o resultado da quantidade de água acumulada nos reservatórios, dividida pela quantidade de moradores. O resultado obtido em Pernambuco é de 1.270 metros cúbicos de água para cada habitante. Por ano, cada pernambucano recebe pouco mais de 100 mil litros de água, o menor índice do Brasil.
De acordo com o auditor João Robalinho, do TCE-PE, o governo de Pernambuco deveria ser mais eficiente em aproveitar as poucas reservas naturais que possui.
“O que falta é uma articulação para tratar a gestão da água como política no estado, em que possa haver integração entre os órgãos, uma eficiência e o bom uso da água, que é um recurso natural”, explica Robalinho.
Desperdício de água é um dos problemas identificados pelo TCE em Pernambuco — Foto: Reprodução/TV Globo
De acordo com o TCE, dos 107 reservatórios monitorados em Pernambuco, 66 estão em situação de colapso, com menos de 10% da capacidade total. Das 71 cidades do Agreste, 70 decretaram situação de emergência ou calamidade pública.
Compesa
O presidente da Compesa, Roberto Tavares, afirma que o governo investiu R$ 8 bilhões, desde 2006, em obras que vão resolver o problema da falta d’água em Pernambuco. Ele também disse que o cronograma das obras foi prejudicado, porque o trabalho depende de recursos federais.
“Nós precisamos de um grande acordo nacional para que o Nordeste não seja visto como patinho feio. O nordeste tem solução e nós precisamos unir toda a classe política, a classe empresarial, a sociedade para que a gente dê as condições que a região precisa para ter sustentabilidade hídrica e possa se desenvolver”, diz.
Prazos
Relator da auditoria, o conselheiro do TCE-PE Dirceu Rodolfo disse, no entanto, que o governo estadual não pode depender de recursos federais para resolver o problema da falta d’água, principalmente em cidades do Agreste. Foi dado um prazo de 30 dias à Compesa e a Secretaria de Planejamento e Gestão de Pernambuco para apresentar oa tribunal uma defesa e um plano de ação.
“A Compesa se prepara para uma situação emergencial, mas não só isso. Tem que se cuidar, também, das perdas nos dutos, que chega a 50%. Um recurso que já é escasso no estado. Você tem que cuidar disso, tem recomendações específicas. Você tem outras obras que saem do eixo da adutora do Agreste, que fica a depender de recursos federais e também de chegar os recursos hídricos que vêm da transposição, mas tem outras obras que existem no estado”, afirma.
Além disso, segundo Dirceu, existe uma disparidade na gestão dos recursos hídricos no estado. Se em alguns locais a água causa estragos, em outros, a falta dela é que pesa.
“A Mata Sul vive com aquele problema das enchentes e o Agreste com o problema de escassez. Tem várias coisas que devem e precisam ser feitas, independentemente do que está fora da governança do estado”, diz.