Aumento do benefício é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e demandará mais R$ 30 bilhões dos cofres públicos
Jovem Pan
Ministro da Economia, Paulo Guedes afirmou nesta sexta-feira, 30, que a previsão do orçamento de 2022 possui recursos para elevar o Bolsa Família para até R$ 300. Atualmente, o benefício tem parcelas mensais de aproximadamente R$ 190. Segundo o chefe da equipe econômica, o aumento não apresenta risco de rompimento do teto de gastos, a regra que limita os custos do governo ao orçamento corrigido pela inflação do ano anterior. “Para o Bolsa Família chegar até R$ 300, que é o valor que o presidente deseja, ou ter um aumento de até 50%, que é o que o ministro [da Cidadania] João Roma estava almejando, nós precisaremos entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões, e o nosso orçamento está preparado para acomodar essa demanda.” O ministro, porém, afirmou que a programação orçamentária pode ser revista por conta de despesas extraordinárias. “Até agora, a nossa ideia com o orçamento era essa, e imprevistos que sempre acontecem terão que ser atacados diretamente”, afirmou, sem detalhar quais seriam as contas fora do planejamento.
Em conversa com jornalistas após um evento do governo federal no Rio de Janeiro, Guedes também criticou a metodologia usada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e disse que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vive na “idade da pedra lascada”. Segundo dados divulgados pela entidade nesta manhã, a taxa de desemprego no Brasil chegou a 14,6% no trimestre entre março a maio de 2021, totalizando 14,8 milhões de brasileiros desocupados. Já o Ministério da Economia informou nesta quinta-feira, 29, a criação de 309 mil empregos formais em junho, totalizando mais de 1,5 milhão no primeiro semestre, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “A Pnad do IBGE está muito atrasada, metodologicamente atrasada, pesquisa feita por telefone. É muito superior a metodologia do Caged, ela vem direto das empresas. O IBGE ainda está na idade da pedra lascada, baseado em metodologias que não são mais eficientes.”
O Caged leva em consideração as contratações e demissões de empresas formais, ou seja, apenas conta as vagas de trabalho com carteira assinada, excluindo funcionários públicos e autônomos. Já a pesquisa do IBGE apresenta um retrato que soma todos os tipos de ocupações, incluindo as informais. A coleta de dados também varia de um levantamento para o outro. Enquanto o Caged é alimentado pelas informações passadas pelas próprias empresas ao Ministério da Economia, a Pnad é feita através de amostras em domicílio. Este trabalho era realizado pessoalmente, mas passou a ser através de consultas por telefone desde o início da pandemia do novo coronavírus. Por último, o Caged soma dados de todos os municípios brasileiros, enquanto a pesquisa do IBGE é realizada em cerca de 3,5 mil municípios.