Por Magno Martins
A politica é, verdadeiramente, algo que exala um odor terrível, difícil de ser compreendida pelas pessoas distantes do seu mundo. Na eleição passada, PT e PSB se digladiaram na disputa pela Prefeitura do Recife com bombardeios que mais pareciam mísseis. Desapontado com os ataques, tão logo viu as urnas favoráveis na guerra do segundo turno contra Marília Arraes, o então prefeito eleito João Campos (PSB) declarou que as chances de o PT vir a ocupar espaços em sua gestão e se aliar, formalmente, chegariam quase a zero.
O tempo se encarregou de mostrar o contrário e em 22 João deve se abraçar no palanque com os vermelhos que em 20 disseram que não tinha a menor condição de governar Recife, que era uma invenção da mãe Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos. O carimbaram de “Príncipe” para convencer o eleitorado do Recife que era o mais fiel depositário da dinastia socialista implantada no Estado desde a eleição do seu pai governador, em 2006.
O PT foi mais além. Apontou João, Geraldo Júlio e o governador Paulo Câmara como herdeiros de um ciclo, implantado por Eduardo, maculado pela corrupção. O tempo, que Collor dizia ser o senhor da razão, se encarregou de passar uma borracha nas idiossincrasias envolvendo PT e PSB. Bastou o ex-presidente Lula ter todos os seus crimes perdoados pelo ministro petista Edson Fachin, nomeado para o STF pela ex-presidente Lula, e retomar seus direitos políticos.
Falando, ontem, no Frente a Frente, a então deputada petista raiz Teresa Leitão, que não morria de amores pelo PSB, nem torcia o nariz para os pecados do reinado socialista, disse que, em nome da eleição de Lula, será capaz de subir no palanque de qualquer candidato do PSB a governador, desde que o partido vista a camisa do ex-presidente e contribua para derrotar o projeto de reeleição de Bolsonaro.
Teresa só faltou dizer, com todas as letras, que aceita até Geraldo Covidão, envolvido em sete operações da Polícia Federal quando governou o Recife, todas elas apontando desvios de recursos federais para salvar gente inocente agonizando nas UTIs dos hospitais públicos com contágio em último grau da covid-19. Físico e humanista alemão, Albert Einstein morreu sonhador. Dizia que gostaria de uma sociedade mais justa, menos corrupta, com menos hipocrisia e mais digna.
Certamente, não é o mesmo pensamento que Teresa teve lá atrás. Conforme ela própria declarou, para eleger Lula, um corrupto que jamais Einstein passaria a mão na cabeça, será capaz de tudo, inclusive de aceitar a perpetuação do PSB no poder, que tanto mal vem fazendo ao Estado. Ainda em relação a Lula e ao PSB, Teresa está certa: não existe defeito que, com o tempo, numa sociedade corrupta, não se torne um mérito, nem vício que a convenção não consiga elevar à virtude.