Papai Lula teima em acreditar que basta ignorar uma encrenca, para que a encrenca suma.
Por Augusto Nunes / Revista Veja
Na missa negra celebrada nesta terça-feira, disfarçada de programa eleitoral do PT, Lula ensina que o naufrágio econômico só existe porque os afogados insistem em lamentar o que aconteceu. Como recita o Exterminador do Plural, os culpados pelo buraco em que o país se meteu são “as pessoas que falam em crise, crise, crise, repete (sic) isso todo santo dia”.
Essa conversa de 171 confirma que, na cabeça baldia do ex-presidente, qualquer problema desaparece se a palavra que o identifica deixar de ser pronunciada. Foi por isso que o restante do sermão não reservou uma única e escassa vírgula ao triplex do Guarujá, ao sítio em Atibaia ou à segunda-dama Rosemary Noronha. O pregador teima em acreditar que basta ignorar uma encrenca para que a encrenca suma.
O mestre e seus discípulos ainda não entenderam que as coisas mudaram depois da Lava Jato. Se espera que as delinquências que protagonizou sejam esquecidas, é bom esperar sentado. Bem mais sensato seria providenciar um esconderijo reformado por empreiteiros amigos ─ antes que chegue o Japonês da Federal.