O Nordeste tinha tudo para embarcar no discurso messianista do presidente eleito Jair Bolsonaro, mas se manteve fiel à pregação de Haddad que se apresentou aos eleitores como continuador da obra de Lula. Todo mundo sabe que Lula não é santo. Até porque se o fosse não estaria preso em Curitiba.
Todavia, a maioria dos nordestinos não o vê como “presidiário corrupto”, como o define a grande mídia, e sim como um governante que olhou para os mais pobres, inserindo seus interesses na agenda social do governo. Do contrário, o Nordeste não teria sido um ponto fora da curva no 2º turno da eleição presidencial.
Bolsonaro foi derrotado em todos os Estados da região, onde sete governadores eleitos cerraram fileiras com o candidato do PT logo no primeiro turno: Flávio Dino (MA), Wellington Dias (PI), Camilo Santana (CE), João Azevedo (PB), Paulo Câmara (PE), Renan Filho (AL) e Rui Costa (BA).
Espera-se após a posse do novo presidente que a região não seja retaliada, dado que em seu primeiro pronunciamento à nação, na noite do domingo, Bolsonaro prometeu que será o presidente de “todos os brasileiros”, e que seu futuro governo terá “mais Brasil e menos Brasília”. Não se imagine que o Nordeste virou agora uma “região de esquerda” por ter dado a vitória a Fernando Haddad.
Do mesmo jeito que o Sul/Sudeste deram ampla maioria a Bolsonaro por achar que o discurso dele encarna melhor os interesses dessas regiões, o Nordeste entendeu o contrário.