Por Magno Martins
Principal liderança do PT em Pernambuco, o senador Humberto Costa fez seu debu, ontem, na campanha de Marília Arraes à Prefeitura do Recife, participando de uma carreata. Melhor, entretanto, que permanecesse fora, porque soou uma aparição falsa, forçada, sem graça, constrangedora. Lembrei-me do ex-governador Joaquim Francisco, que tem uma frase célebre para justificar apoios da boca para fora: bandeira a meio pau só em luto oficial.
Falando, ontem, com Houldine Nascimento, repórter da equipe deste blog, Humberto voltou a repetir a velha ladainha, que ninguém, nem tampouco Marília, aguenta mais ouvir: que sua preferência era pelo apoio a João Campos, candidato do PSB, mas que estava ali em obediência a uma determinação da executiva nacional do PT. Foi o mesmo que dizer: vim aqui fazer de conta, mas o meu candidato é João, é em João que vou votar.
Não fosse assim, na condição de comandante-mor do PT, Humberto obrigaria pelo menos os vereadores do partido a pedir voto para Marília na propaganda eleitoral. Todos eles, a começar por Osmar Ricardo e João da Costa, os mais conhecidos, não dão a menor bola no guia no rádio e na TV para a chapa majoritária. Da Costa, ex-prefeito do Recife, poste eleito por João Paulo, dispensa apresentação. Osmar é irmão de Oscar Barreto, o mais socialista dos petistas.
Oscar, como tantos outros petistas por fora e socialistas por dentro, não entregou o cargo de secretário de Habitação de Geraldo Júlio. Alguém que não esteja navegando em outro planeta acredita que quem tira o sustento da família num carguinho dado pelo PSB vota contra João? Em tempo: o secretário estadual de Agricultura, Dilson Peixoto, homem forte de Humberto, também não largou o osso. Vota em Marília, mesmo depois de ver o chefe desfilando com ela numa carreata? A resposta é a mesma: não.
O PT de Humberto vai descarregar todos os votos em João Campos. Mas o senador, apesar de nunca ter pisado num palco teatral, tem vocação de ator. Na campanha, faz o papel do traíra. Ex-presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, que liderou o País de forma bem-sucedida durante sua maior crise interna, a Guerra Civil Americana, preservando a integridade territorial americana, abolindo a escravidão e fortalecendo o governo nacional, tem uma frase que cai como luva para Humberto.
“Pode-se enganar a todos por algum tempo, enganar alguns por todo o tempo, mas não se pode enganar a todos todo o tempo”.