Por Magno Martins
Na era Geraldo Júlio, Recife, a então charmosa Veneza Brasileira, cartão postal número um do turismo no Nordeste, cresceu feito rabo de cavalo, para baixo. Não é uma constatação da coluna, mas números oficiais do IBGE, que apontaram, ontem, a capital pernambucana em terceiro lugar no ranking do PIB da Região, o Produto Interno Bruto (PIB). Para uma capital que ostentou por muitas décadas o título de vitrine do Nordeste, uma triste constatação: o PSB a transformou no patinho feio do País.
Segundo levantamento do IBGE de 2018, Fortaleza bateu Salvador, com um PIB de R$ 67 bilhões, enquanto a capital baiana registrou R$ 63 bilhões. Lanterninha, Recife gerou riquezas acumuladas bem abaixo das duas concorrentes, com apenas R$ 52 bilhões, R$ 15 bilhões a menos que Fortaleza. Que vergonha, prefeito? No ranking nacional, Recife sempre foi a 9ª, mas hoje perde até para cidades do interior de São Paulo, como Osasco.
Recife não perdeu apenas gorduras no PIB. Perdeu charme, competitividade no turismo, na economia. Virou uma cidade suja, capital em desigualdade social. Geraldo virou o coveiro do Recife. O mote de capital do Nordeste, explorado em campanhas publicitárias na mídia por ele de forma desavergonhada, não passou de um grande sofisma, engodo, uma mentira deslavada, que soou mal aos ouvidos dos recifenses e custou uma baba: R$ 2 milhões em gastos com a mídia.
Geraldo devia se envergonhar de entregar para o seu sucessor a capital brasileira mais desigual do País, com índice de 0,612, posição que não ocupava desde 2016. A cidade é seguida por João Pessoa (0,591) e Aracaju (0,581). Quanto mais perto de 1, mais a renda é concentrada nas mãos de poucas pessoas. Quando se trata de concentração de renda, numa escala que vai de 0 a 1, o Recife ocupa nada menos que 0,6894 – bem superior ao último indicador brasileiro, de 0,490.
É o coeficiente de Gini, apurado continuamente pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) e a cada censo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade não só é líder entre as capitais, como também é única de grande porte na lista das 50 mais desiguais entre os 5.570 municípios brasileiros. Essa é a herança verdadeira que Geraldo entrega para João Campos e que nos envergonha. Não dá para estufar mais o peito e cantar Recife é festa, Recifolia, você faz parte da minha alegria, símbolo dos nossos carnavais na voz de Almir Rouche.