Empresas investigadas na Operação Lava-Jato, como OAS, Galvão e Coesa, são investigadas por desvios de R$ 200 milhões.
Agência O Globo
SÃO PAULO e BRASÍLIA — O presidente da OAS, Elmar Varjão, foi preso nesta sexta-feira, durante a Operação Vidas Secas, da Polícia Federal (PF), em Pernambuco, que investiga desvio de R$ 200 milhões recursos públicos nas obras de transposição do Rio São Francisco. O esquema envolve o pagamento de propina através de ao menos dois personagens da Operação Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef e o operador Adir Assad. A PF chegou aos dois através do compartilhamento de informações das investigações sobre a Petrobras.
— Parte dos valores dessa conta eram transferidos para empresas fantasmas ligadas ao Alberto Youssef — afirmou o delegado Marcelo Diniz.
Durante coletiva realizada na manhã desta sexta-feira, Diniz disse que analisa a participação de servidores públicos e políticos no esquema:
— Queremos saber agora sobre a participação de eventuais servidores públicos e eventuais políticos que estejam envolvidos na trama.
A prisão de Varjão é temporária, por cinco dias, e pode ser prorrogada. Além dele foram presos executivos das construtoras Coesa Engenharia, Barbosa Melo e Galvão Engenharia. As quatro empreiteiras formavam o consórcio OAS/Galvão/Barbosa Melo/Coesa, que atuava nas obras em Pernambuco.
Elmar Varjão era diretor superintendente da OAS Nordeste e chegou à presidência da empreiteira depois da prisão de José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, condenado na Operação Lava-Jato. Léo Pinheiro foi condenado a 16 anos e quatro meses de prisão. Outros quatro executivos da OAS também foram condenados: Agenor Magalhães Medeiros, Fernando Augusto Stremel Andrade, José Ricardo Nogueira Breghirolli e Matheus Coutinho de Sá Oliveira. Todos recorrem da sentença em liberdade.
Segundo investigação da Polícia Federal, os quatro executivos das empreiteiras são acusados de desviar R$ 200 milhões das obras de transposição das águas do rio São Francisco.
“Os investigadores apuraram que empresários do consórcio OAS/GALVÃO/BARBOSA MELO/COESA utilizaram empresas de fachada para desviar cerca de R$ 200 milhões das verbas públicas destinadas à transposição do rio São Francisco, no trecho que vai do agreste no estado de Pernambuco até a Paraíba. Os contratos investigados, até o momento, são da ordem de R$ 680 milhões”, diz nota divulgada pela PF.
A PF cumpriu ainda 24 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva.
Segundo a polícia, algumas empresas ligadas à organização criminosa acusadas das fraudes nas obras de transposição “estariam em nome de um doleiro e a um lobista investigados na Operação Lava Jato”. Dirigentes das empresas são acusados de associação criminosa, fraude na execução de contratos e lavagem de dinheiro.