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Nordeste: Na região comandada há décadas pela esquerda, famílias em extrema pobreza dependem do Bolsa Família

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Foto: reprodução

O mercado de trabalho vem se recuperando no Nordeste após a pandemia da covid-19, mas alguns segmentos da população continuam enfrentando dificuldade para se recolocar. O Boletim Macro Regional Nordeste, realzado pelo Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do FGV/Ibre revela que quase 60% da população em condição de extrema pobreza está desempregada.

Enquanto no geral da população economicamente ativa no Nordeste, a desocupação caiu de 18,2% para 11% entre 2021 e 2023, entre os mais pobres a redução foi pequena, passando de 60,8% em 2021 para 59,8% em 2023.

“Em função do perfil demográfico e socioeconômico, as pessoas em extrema pobreza têm sérias dificuldades de inserção no mercado de trabalho. O perfil demográfico, educacional e até mesmo regional explica muito sobre as dificuldades de inserção no mercado de trabalho e, consequentemente, sobre a situação de pobreza”, destaca o pesquisador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, do FGV Ibre, João Mário Santos de França.

MULHERES, NEGROS, JOVENS E NORDESTINOS

As análises do fGV Ibre dos dados da PNAD Contínua do IBGE mostram que alguns grupos demográficos possuem maior representatividade entre os extremamente pobres do que na população como um todo. É o caso das mulheres (principalmente responsáveis por domicílios), das pessoas que se declararam pretas ou pardas, dos que possuem menor nível de escolaridade (principalmente entre aqueles que nem sequer concluíram o ensino fundamental). Nesses grupos, além da maior representatividade entre os mais pobres, o indicador de incidência de pobreza se mostrou mais elevado.

Também são mais vulneráveis à situação de extrema pobreza grupos etários mais jovens (mais velhos possuem maior acumulação ao longo da vida e aposentadorias representam uma fonte de renda estável) e residentes em áreas rurais (embora em termos absolutos, a maior parte dos pobres residem em áreas urbanas, assim como a população total).

DEPENDÊNCIA DE TRASNSFERÊNCIA DE RENDA

“Sem condições e oportunidades de melhor inserção no mercado de trabalho, as famílias em extrema pobreza passam a depender cada vez mais das transferências de renda, como do Programa Bolsa Família, e de iniciativas estaduais e municipais. As rendas de programas sociais preenchem uma lacuna significativa no orçamento destas famílias. E, com o aumento dos valores, como ocorreu no âmbito do Auxílio Brasil, em 2022, e posteriormente no Bolsa Família, em 2023, a contribuição dos programas sociais se tornou ainda mais significativa. No Nordeste, onde residem 55% das pessoas em situação de extrema pobreza do país, essa contribuição se torna ainda mais relevante”, observa o pesquisador. (JC Online)

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