Com a missão de defender o pacote de aumento de impostos e criação do programa Nota Fiscal Solidária do Governo de Pernambuco, o secretário-executivo da Fazenda, Bernardo D’Almeida, virou vitrine e assumiu a linha de frente na defesa de uma das propostas mais espinhosas apresentadas pelo Palácio do Campo das Princesas, desde a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Em entrevista à coluna digital No Cafezinho, o auxiliar estadual garante que o aumento da carga tributária proposto foi feito “para o bem da sociedade” porque majora a carga de produtos de acordo com seu impacto econômico, ambiental e na saúde. Ele também garante que os critérios utilizados pelo Nota Fiscal Solidária estão de acordo com as condições de famílias que recebem o Bolsa Família.
Segundo o projeto do Governo do Estado, os beneficiários do Bolsa Família que quiserem fazer parte do Nota Fiscal Solidária vão ter que gastar R$ 500 por mês, em um total de R$ 6 mil por ano, para ter acesso ao valor equivalente a uma parcela do Bolsa Família de R$ 150. Apesar das famílias participantes do programa estarem em situação de extrema pobreza, o auxiliar afirma que o benefício não é a única fonte de renda da população.
Leia também
Folha Política | ‘PE não terá carro mais caro do País’, diz secretário à Fenabrave
[No Cafezinho] ‘Governo peca por falta de diálogo’, diz Silvio Costa Filho
[No Cafezinho] As articulações entre PT e PSB em Pernambuco
Haddad diz ver contradição de Bolsonaro em proposta de 13º no Bolsa Família
“(O líder da oposição) Silvio Costa Filho (PRB) colocou como absurdo que uma pessoa consuma R$ 500 reais com produtos da cesta básica. Na audiência, eu coloquei de forma clara que a família pernambucana é trabalhadora. A família que recebe o Bolsa Família não deixa de trabalhar não. Ela não ganha salário mínimo, mas consegue renda. Se prevalecesse o pensamento de que o beneficiário só ganha o Bolsa Família, teríamos um canteiro de mortos nas estradas e cidades do interior do Estado”, avalia.
O gasto previsto no projeto, contudo, não comporta todos os custos para a manutenção de uma família e calcula apenas as despesas com ítens específicos detalhados na matéria, como feijão, arroz, óleo de soja, frango, ovos, carne, entre outros. Segundo o auxiliar, pesquisas atuais sobre o Bolsa Família mostram que 90% dos produtos que essas famílias consomem pertencem à cesta básica e somente 10% é destinado para outros gastos. Entre os estudos enviados pelo secretário para a reportagem- que segundo ele embasaram o cálculo do governo – estão pesquisas sobre hábitos de consumo de beneficiários do programa no Sul e Sudeste, além de um estudo sobre os usuários do programa em uma comunidade de Caruaru, que apontam que 91% das famílias declaram como prioridade o gasto com comida.
Setores produtivos
Enquanto afina a retórica, Bernardo D’Almeida também corre para apagar incêndios. Ele vem se reunindo com entidades representativas de setores produtivos para explicar o impacto econômico da proposta.
Ontem, ele esteve com representantes da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que criticou o aumento de 12% para 14% na alíquota de carros com valor acima de R$ 50 mil. Também se encontrou com representantes do setor sucroalcooleiro para tratar do aumento de 2% no etanol.
Cotado
Questionado se a participação na linha de frente do Governo poderia render uma indicação para o primeiro escalão estadual, Bernardo D’Almeida se esquivou: “Sou soldado e bom soldado fica na planície”. Nos bastidores, o nome dele é cotado para assumir a titularidade da Secretaria da Fazenda.