Por Magno Martins
Em fase aguda de morte e de dor do coronavírus, que já arrastou muitas almas para o cemitério em tempo recorde, o socialismo de Pernambuco revela sua face perversa do mal. Quem divergir do Governo Paulo Câmara e de suas orientações quanto ao isolamento social sofre perseguição num modelo muito parecido com a ditadura chavista. O primeiro a sentir isso na pele foi Marcus Wilker, no final de março, ao tentar liderar uma carreata.
Wilker respeitou a decisão do Ministério Público e suspendeu a carreata, mas mesmo assim teve que depor da delegacia. Com ele, são cinco os casos de supostos “rebeldes” enquadrados no Artigo 268, do Código Penal, que trata de infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. A pena de detenção varia de um mês a um ano, além de multa.
“O PSB instalou uma ditadura em Pernambuco”, reage o advogado Rubem Brito, defensor dos movimentos populares que se opõem ao exagero das medidas do governador. Ele acompanha, hoje, na Delegacia de Jardim São Paulo, mais um caso de enquadramento ao Artigo 268: o ativista Nilson Cavalcante, pilhado nas redes sociais num fragrante movimento de insubordinação ao Estado.
Segundo ele, outro alvo da repressão foi o também ativista, este mais ligado aos movimentos bolsonaristas, Diego Ketrine, que chegou a ser preso durante manifestação em Boa Viagem. “Estamos extremamente preocupados com o que está acontecendo em Pernambuco. Isso é perseguição política, arbitrariedade”, protesta Rubem. A ordem, segundo ele, é intimar para intimidar.
“Eu tenho acompanhado absurdos no Estado”, acrescenta. Rubem descarta que os casos se apliquem apenas a movimentos simpáticos ao presidente Bolsonaro em detrimento ao Governo Câmara, cuja postura é de permanente conflito e enfrentamento ao Governo Federal. “Não se trata disso. Do jeito que está indo, ninguém pode abrir a boca para mais nada em Pernambuco”, desabafou.