Por Cidinha Medrado para o blog
Nesta segunda-feira (05), o ex-prefeito de Araripina Valmir Alencar relembrou a história do golpe militar de 31 de março de 1964, dia em que ocorreram vários eventos que atingiram o ponto mais alto do governo democrático de João Goulart (PTB), conhecido como Jango. Os eventos realizados com apoio do governo eram chamados de ‘ameaça comunista’, – interpretação política e econômica com intenção de anular o direito de propriedade privada dos donos de terras e assim, tornar público os bens da sociedade, que passariam a ser meios de produção e de troca, sendo desvalorizados mesmo com abundância de riqueza e permitindo a insatisfação das classes. Esses eventos foram barrados por uma intervenção militar, justificada pelas forças armadas com objetivo de restaurar a disciplina e deter a ‘ameaça comunista’ que podia acontecer a qualquer momento no Brasil.
Em um bate-papo com o Jornalista Roberto Gonçalves, no programa Araripina Urgente da Rádio Arari FM, o ex-prefeito relembrou momentos consideráveis sobre o regime democrático militar, que na época provocado pelos sindicatos, estudantes universitários e pelas ligas camponesas, que eram os movimentos de luta pela reforma agrária no Nordeste, organizados pelo deputado estadual Francisco Julião (PSB). Outro protagonista desse evento histórico foi Gregório Bezerra, Sargento do Exército, acusado de matar no 14 RI (Regimento de Infantaria) em Jaboatão dos Guararapes, os próprios colegas que estavam dormindo, para se apossar do poder.
“Esse povo incentivava a invadir propriedades, não respeitava o direito democrático. Nós sabemos que aqui em Pernambuco temos a maior cultura da cana-de-açúcar e o movimento atingia os usineiros, e no Rio de Janeiro, Jango recebeu o Governo Federal das mãos de Jânio Quadros”, contou ele.
Jango entrou no Brasil pelo Rio Grande do Sul apoiado por Leonel Brizola e tomou posse em 31 de março de 1964. Nessa época os movimentos se fortaleceram e invalidavam propriedades, segundo Valmir.
“Eu fui um estudante na época, me lembro que na minha turma tinham quatro militares, três dias antes da revolução nenhum compareceu às aulas e a gente notou qualquer coisa”, contou.
O ex-prefeito relembrou muitos detalhes dessa fase brasileira, porém segundo a História do Brasil, este não pode ser considerado um golpe exclusivamente militar, já que houve apoio por parte de segmentos importantes da sociedade como proprietários rurais, setor paulista de indústrias, das classes médias urbanas e o setor conservador e anticomunista da Igreja Católica. Muitos nordestinos foram presos, entres eles, o saudoso Miguel Arraes que foi governador de Pernambuco.
“Anarquia muita eu presenciei. Houve desaparecimento e depois do falecimento de Artur da Costa e Silva, que morreu no poder, teve um infarto de tanto lutar, dia e noite, tentando fazer as coisas entrarem no regime certo. Depois da morte dele, novamente a junta militar tomou de conta”, lembrou.
Entre tantas lembranças específicas, Valmir Alencar ativou a curiosidade dos ouvintes a respeito desse evento inesquecível. Ouça a entrevista na íntegra: