- Por Jovem Pan / Lucio Tavora – Estadão Conteúdo
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, usou o Twitter neste sábado (29) para se pronunciar sobre os mais recentes vazamentos do site “The Intercept Brasil”. Segundo ele, o que se tem até o momento “é um balão vazio, cheio de nada”.
“A matéria do site, se fosse verdadeira, não passaria de supostas fofocas de procuradores, a maioria de fora da Lava Jato. Houve trocas de nomes e datas pelo próprio site que as publicou, como demonstrado por O Antagonista”, escreveu Moro.
O dono do Intercept, Glenn Greenwald, havia publicado no Twitter uma frase atribuída ao procurador Ângelo Goulart Villela, preso em 2017. Depois, o site mudou o nome para Ângelo Augusto Costa. Na versão final, ficou somente Ângelo. Na matéria do site, havia também uma mensagem com data do futuro – 28 de outubro de 2019 – que depois foi alterada para 28 de outubro de 2018.
“Isso só reforça que as mensagens não são autênticas e que são passíveis de adulteração. O que se tem é um balão vazio, cheio de nada. Até quando a honra e a privacidade de agentes da lei vão ser violadas com o propósito de anular condenações e impedir investigações contra corrupção?”, questionou em seguida.
Sobre o novo vazamento
O portal de esquerda “The Intercept Brasil” divulgou novos trechos de conversas supostamente vazadas de aplicativos de mensagens atribuídas a procuradores do Ministério Público Federal (MPF). Nesses novos trechos, profissionais do MPF teriam criticado o trabalho do então juiz federal.
Segundo o site, os procuradores estariam preocupados às vésperas do convite para Moro assumir o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro. Eles teriam citado supostas “violações éticas” do juiz e demonstrado receio de que sua entrada na pasta pudesse “enfraquecer” a Operação Lava Jato.
A procuradora Monique Cheker, por exemplo, teria escrito em um grupo intitulado “BD” que “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”. Ângelo Augusto Costa, procurador do MP em São Paulo, teria dito ainda que “não confiava” no então juiz.
Em outro grupo intitulado “Filhos do Januario 3”, também de acordo com o “The Intercept”, a procuradora Jerusa Viercili, da força-tarefa em Curitiba, teria escrito: “Acho péssimo [a ida do juiz ao ministério]. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo”. Outra procuradora da força-tarefa, Laura Tessler, citada anteriormente em outras conversas vazadas pelo portal, teria concordado.
O ministro da Justiça e Segurança Pública não confirmou a veracidade de nenhuma das mensagens divulgadas até o momento. Segundo ele, os vazamentos são criminosos e podem ter sido adulterados.
Procuradora nega veracidade
O site “O Antagonista” divulgou, logo após o suposto vazamento, que Monique Cheker negou a veracidade das mensagens. “Sobre a parte em que o The Intercept diz que escrevi: ‘Desde que eu estava no Paraná, em 2008, ele (Sergio Moro) já atuava assim. Alguns colegas do MPF do PR diziam que gostavam da pro atividade dele, que inclusive aprendiam com isso’, esclareço que, conforme pode ser obtido publicamente dos meus assentos funcionais, durante praticamente todo o ano de 2008 eu trabalhei como procuradora de contas do Ministério Publico junto ao TCE do Rio de Janeiro, cargo que assumi em 2006. Nunca tinha ouvido falar do ex-juiz Sergio Moro, muito menos tive contato com alguém do MPF/PR. Tomei posse no MPF em dezembro de 2008, com lotação numa cidade do interior do Paraná. Da posse, seguiu-se logo o curso de ingresso e vitaliciamente em Brasília, e o recesso judicial, e só fui conhecer alguém do MPF/PR que já tinha trabalhado com o ex-juiz Sergio Moro, ou menção a esse nome, tempos depois”, disse ela.
“Não reconheço os registros remetidos pelo The Intercept, com menção a minha pessoa, mas posso assegurar que possui dados errados e alterações de conteúdo, pelos motivos expostos acima”, completou.