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Ministério quer entregar transposição antes da saída de Temer

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Blog do Jamildo / Foto: Carlos Gibaja/Divulgação

Com oito anos de atraso, o último trecho do eixo norte da transposição do rio São Francisco, deve ser entregue em um mês. Em visita a Salgueiro, no Sertão pernambucano, com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), o ministro da Integração Nacional, Pádua Andrade, confirmou nesta terça-feira (20) que deve ser até o dia 20 de dezembro a inauguração da parte da obra entre esse município e o de Jati (CE). Assim, deve ser entregue antes do fim do governo Michel Temer (MDB).

Ainda não há previsão sobre uma provável cerimônia de acionamento da terceira estação de bombeamento, em Salgueiro. De lá, a água segue por gravidade até o Ceará.

A expectativa é de que as águas do ‘Velho Chico’ comecem a chegar ao Ceará até o fim de fevereiro de 2019, se integrando ao Cinturão das Águas do Ceará. “Esta é a maior obra do século e a maior obra hídrica do Brasil. Não tenho dúvida de que vai mudar o perfil econômico do nosso Estado e da região Nordeste”, afirmou Camilo Santana, pela assessoria de imprensa. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), que não foi reeleito, também participou da visita.

Pensado desde o período do Império, o canal da transposição começou a ser construído em junho de 2007, no início do segundo mandato de Lula (PT). A previsão era de inaugurar o eixo leste ainda naquele governo e deixar o eixo norte com a maior parte concluída. Isso não aconteceu e o eixo leste, que vai de Pernambuco para a Paraíba, foi entregue em março de 2017.

Construtoras

Desde 2016, três construtoras ficaram responsáveis pelas obras no trecho entre Salgueiro e Jati. Desde maio, a Ferreira Guedes é a empreiteira que toca o empreendimento. Isso aconteceu depois que o Ministério da Integração Nacional rescindiu o contrato com o consórcio Emsa-Siton, que venceu a licitação marcada por um processo judicial em 2017. Segundo a pasta, as empresas não tinham condições financeiras de continuar o serviço.

A empreiteira que cuidava da obra desde o início era a Mendes Júnior, que pediu para deixar o canteiro em junho de 2016, um mês após Temer assumir a presidência, alegando dificuldade para obter crédito. A construtora é uma das envolvidas na Operação Lava Jato e foi considerada inidônea.

A licitação só foi iniciada seis meses depois da paralisação da obra e, após as duas empresas que apresentaram os menores preços terem sido desabilitadas por questões técnicas, o contrato foi assinado em abril de 2016.

Logo depois da escolha, porém, o primeiro colocado na concorrência, o consórcio liderado pela Passarelli, entrou com uma ação na Justiça questionando a licitação. Ele havia apresentado uma proposta de R$ 441,8 milhões, deságio de 23% em relação ao valor estabelecido pelo governo, de R$ 574 milhões. No edital, o ministério exigiu das empresas experiência na montagem de estação elevatória de água com vazão de 7 metros cúbicos por segundo, com uma única bomba. A Passarelli possui essa experiência, mas usa sistemas com mais de uma bomba. O mesmo critério inabilitou a segunda colocada na disputa.

Terceiro colocado no processo licitatório, o consórcio Emsa-Siton cobrou R$ 516,8 milhões, valor 9,8% menor do que o ministério propôs – a Ferreira Guedes apresentou preço 9,6% menor.

As obras foram entregues pela Mendes Júnior com 94,52% de conclusão.

De acordo com o Ministério da Integração Nacional, as duas últimas etapas estão com 99,5% e 98,40% de conclusão.

Eixo leste

Em março de 2017, Temer foi à cidade de Monteiro, na Paraíba, para inaugurar o eixo leste. Nele, a água do ‘Velho Chico’ é captada em Floresta, no Sertão pernambucano, e passa por cerca de 200 quilômetros até chegar ao estado vizinho, onde atende principalmente a região de Campina Grande.

Apesar de ser o estado com maior trecho de canais, apenas cerca de 35 mil pernambucanos são atendidos até agora, na região de Sertânia, no Sertão. O problema são as obras complementares. Por causa disso, o governador Paulo Câmara (PSB) decidiu fazer o caminho inverso e buscar água da transposição na Paraíba, através da Adutora do Alto Capibaribe.

Disputa de paternidade

No ano passado, com a entrega do eixo leste, a transposição foi usada para aproximar figuras políticas do Nordeste. Na maioria das vezes em que viajou para o Nordeste, Temer visitou as obras. Em uma dessas visitas, inaugurou o eixo leste, onde a população ligou a chegada da água a Lula. Uma semana depois da entrega do empreendimento, o petista e a sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), também fizeram uma “inauguração” informal.

O candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, após articular a doação de equipamentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para os dois eixos da transposição, também tentou usar a obra para colar a sua imagem à região. Além dele, Ciro Gomes, que foi candidato pelo PDT, prometeu inaugurar o projeto, se fosse eleito.

Antes de deixar o governo, em maio de 2016, Dilma chegou a visitar Cabrobó, onde ficam a primeira e a segunda estações de bombeamento, e, já em tom de despedida uma semana antes de ser afastada pelo Senado, afirmou que ficaria triste se não visse como presidente a conclusão das obras.

A transposição é, ainda, uma das prioridades da equipe de transição do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

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