Por Magno Martins
Já vi muitos caciques políticos forçarem a barra para gerar a espécie do seu sucessor. Alguns acabam se frustrando com o resultado porque não enxergam algo fundamental para o exercício da vida pública: vocação. Escritor, filósofo e político, o carioca Marques de Maricá, filho de comerciante português, ensinou que há homens para nada, muitos para pouco, alguns para muito, nenhum para tudo. Traduzindo para uma linguagem direta, quem não tem vocação acaba em frustração.
Não é o caso do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), o terceiro filho do senador Fernando Bezerra Filho, líder do Governo no Senado. FBC, como é mais conhecido, não queria, mas o destino impôs que mais dois dos seus quatro herdeiros – Fernando e Antônio – também seguissem seus passos na política. Ambos são, igualmente, animais políticos. Fernando Filho, no terceiro mandato de deputado federal, já emprestou o seu talento como ministro, ocupando a pasta de Minas e Energia no Governo Temer.
Antônio, o caçula, está no seu primeiro mandato de deputado estadual. Ave rara fora do mundo político na família, Pedro, o segundo na ordem de nascença, é cientista, poliglota e faz carreira profissional na iniciativa privada bem-sucedida nos Estados Unidos. A estrela dos herdeiros, entretanto, é Miguel, reeleito prefeito com uma das maiores votações do País, detentor de uma popularidade nunca alcançada por nenhum outro gestor, nem o pai quando esteve no auge como prefeito.
Entrevistei Miguel, mais uma vez, anteontem, no Frente a Frente. Percebi, como milhares de ouvintes, que o garoto, de apenas 30 anos, tem um discurso lógico, uma linha de raciocínio rápida e uma capacidade de convencimento impressionante. Sem arrodeios, fala coisa com coisa. Estudou muito e está preparado para desafios que podem surgir pela frente, como o de despontar como alternativa de aglutinação das forças de oposição ao Governo de Pernambuco nas eleições do ano que vem.
Apaixonado pelo que faz, com uma vitrine para apresentar ao Estado, a sua grande obra em Petrolina, Miguel parece seguir o conselho dos bons livros da arte da política e do poder: “Se queres assumir em pleno o teu trabalho, não te esqueças de que toda a vocação só se consegue concretizar com muita dedicação”.