As candidatas a governadora de Pernambuco Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB) participaram, na noite desta quinta-feira (27), do último debate do segundo turno. O programa foi transmitido pela TV Globo e dividido em quatro blocos.
Raquel Lyra tentou ressaltar sua experiência como prefeita e puxar a discussão para o âmbito estadual. Marília Arraes buscou descontruir as qualidades da adversária e explorar a neutralidade dela na eleição para presidente.
O primeiro bloco do programa, com 30 minutos de debate com tema livre, os ataques sobre alianças políticas e sobre quem está no palanque de quem voltou a se sobressair às propostas de governo das candidatas. Elas insistiram na associação ao governador Paulo Câmara e ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao se apresentar, Raquel Lyra destacou sua trajetória política e disse estar representando a candidatura da mudança no Estado. “Temos uma outra [candidatura] que representa a continuidade de um grupo político que faz de tudo para se manter no poder”, disparou a ex-prefeita, referindo-se ao apoio do PSB.
Esse foi o pontapé para que Marília Arraes voltasse a criticar o posicionamento de neutralidade na corrida presidencial adotado por Raquel, acusando a candidatura da adversária de ser “trincheira do bolsonarismo em Pernambuco”.
“Não dá para ficar em cima do muro a essa altura do campeonato. Aqui em Pernambuco, todos sabem que sou oposição ao projeto que está aí, mas sempre defendi uma oposição alinhada ao que o presidente Lula quer fazer no Brasil. Enquanto sua candidatura hoje, é a trincheira do bolsonarismo”, declarou a deputada federal.
Em resposta, Raquel citou as ações que Marília Arraes perdeu na justiça eleitoral, sobre os vídeos que sua campanha divulgou tentando relacionar a candidata tucana a um postulante nacional, que resultou no direito de resposta em 49 inserções comerciais na televisão.
“Não sou teu primo [João Campos], aqui não é a briga da cozinha da tua casa, que vocês brigam de dia e se arrumam num almoço de domingo. Aqui, estamos falando sério, já disse que não vou declarar voto e nem fazer campanha para nenhum candidato à Presidência da República”, disse Raquel.
No segundo bloco do debate, com temas direcionados para escolha, as candidatas ao Governo de Pernambuco tiveram um enfrentamento mais propositivo em meio aos ataques, apresentando propostas para educação e para as mulheres.
Marília Arraes afirmou que sua adversária, enquanto prefeita de Caruaru, entregou apenas uma maternidade ao município, mas que esta já teria projeto e recursos garantidos pela gestão passada, e que ainda teria demorado três meses para realizar seu primeiro parto.
“Se estivesse tudo pronto, nem a placa teria. E não era um Hospital Materno-Infantil, era um Hospital da Criança Regional, que é papel do Governo do Estado. O que as mulheres de Caruaru precisavam mesmo era de uma maternidade nova, porque a antiga era precária. Queria ver esse projeto da maternidade que a senhora diz que existia. A senhora está mais uma vez mentido”, respondeu Raquel.
Em seguida, a candidata do PSDB provoca Marília e questiona porque ela seria contra a construção de novas maternidades. Raquel tem como proposta a construção de cinco grandes maternidades regionais.
“É muita desonestidade intelectual dizer que sou contra a construção de maternidades. Caruaru aumentou em 20% a mortalidade materna e isso é dado do DataSUS, aumentou a mortalidade infantil em 10%”, disparou Marília. Uma das propostas da candidata do Solidariedade voltadas para a assistência materno-infantil, é a implantação de 13 Casas da Mulher Pernambucana, para garantir os partos humanizados.
ÚLTIMOS BLOCOS
Sobre as propostas para a área de segurança, levantadas no penúltimo bloco do debate, Raquel Lyra destacou o trabalho realizado em Caruaru, com o programa Juntos pela Segurança, que reduziu ao longo de seis anos, 70% dos crimes relacionados a roubos, e 50% dos crimes de homicídio.
“Essa experiência quero trazer para Pernambuco e nós vamos aliar a todos. Ninguém faz nada sozinho. Vamos trabalhar a repressão qualificada com investimentos nas tropas policiais, na polícia científica, garantindo concurso permanente da polícia militar. E na prevenção social, garantir o cuidado com a população mais vulnerável, estancar ciclos de violência”, disse.
Na ocasião, Marília Arraes rememorou o êxito do Pacto pela Vida no governo Eduardo Campos, mas aproveitou a oportunidade para destacar que o programa de combate a criminalidade teria começado a dar errado quando o ex-governador João Lyra, pai de Raquel, assumiu a gestão em 2014.
“O Pacto pela Vida começou a dar errado quando João Lyra, seu pai, Raquel, assumiu o governo em 2014. Nós temos o compromisso de reestruturar o Pacto pela Vida, vamos mudar as metas indicadoras, vamos integrar as polícias e mudar a estrutura da SDS. O comando das polícias Militar e Civil vão despachar direto com a governadora”, disse.
Em uma nova tentativa de vincular Raquel Lyra a Bolsonaro, Marília Arraes perguntou se sua candidata acha que o governo do presidente e candidato à reeleição é corrupto. “Se existe, quando existe e o que existiu, a investigação é para todos. Sempre agi com impessoalidade e transparência. Isso é o correto para mim e para a democracia”, declarou a ex-prefeita de Caruaru.
O questionamento voltou a ser repetido, mas Raquel deu a mesma resposta, afirmando ainda que Marília estava tentando nacionalizar o debate. “Diga a senhora, onde quer chegar”, disse Raquel. “Eu quero saber se ela existe ou não existe?”, insistiu Marília. “Se existir, merece ser investigada e punida, ponto”, finalizou Raquel.
Os ataques continuaram no último bloco do programa, com críticas com relação a atuação tanto de Raquel Lyra à frente da Prefeitura de Caruaru e quando foi secretária estadual da Criança e da Juventude, quanto sobre os feitos que Marília Arraes enquanto parlamentar e secretaria municipal de Juventude do Recife.