As eleições municipais sequer tiveram seu capítulo final, estando o segundo turno marcado para o próximo dia 27 em 14 capitais e mais de 150 municípios, mas em Pernambuco alguns políticos açodados, manifestando a face temida de alguém na vida pública, a sede de poder, começam a antecipar o debate eleitoral de 2026.
O caso mais visível é o da ex-deputada Marília Arraes, do Solidariedade, que botou na cabeça, num tremendo sonho de verão, a disputa por uma das vagas ao Senado. Aliada hoje de João Campos (PSB), a quem combateu e foi derrotada em 2020 na corrida pela Prefeitura do Recife, ela se acha no direito de pleitear uma das vagas na chapa do primo.
O prefeito do Recife não decidiu ainda se entra de fato na guerra eleitoral contra Raquel em 26, embora seja o único nome natural da oposição. Até lá, muitas águas vão jorrar por debaixo da ponte eleitoral. Entretanto, Marília já está se escalando, pautando muitos veículos desavisados. O que se sabe, na realidade, é que se João vier mesmo a disputar o Governo do Estado, as duas vagas para o Senado já estão reservadas e carimbadas.
Uma seria do PT, entregue ao senador Humberto Costa, para disputar a reeleição. A outra, os ventos levam para o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, uma das revelações do primeiro escalão do presidente Lula. Para completar a chapa como candidato a vice de João, o nome natural seria o do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, do União Brasil.
Se vier de fato a se manter na aliança de oposição à governadora Raquel Lyra (PSDB), para Marília só restará disputar um mandato de deputada federal na vaga da irmã Maria Arraes, que neste caso seria candidata à deputada estadual. “A não ser que Marília queira se compor com Raquel para ser senadora na chapa dela”, ironiza um socialista, ao observar, perplexo, as movimentações precoces de Marília por uma das vagas na majoritária de João.
CHANCES ZERO – Observadores da cena política estadual acham que, mesmo que Marília Arraes fosse mandatária de um robusto partido em Pernambuco, outro fator preponderante já a eliminaria de largada na chapa de João como candidata ao Senado: o parentesco. A ex-deputada é prima legítima do prefeito do Recife. Num cenário que teria que somar amplas forças para tentar derrotar Raquel em 2026, a possibilidade de trazer uma parente para ocupar uma das vagas majoritárias seria nula. (Coluna do Magno)