Líder da esquerda no Brasil vai engoli-la por causa das suas ligações antigas com o ditador
Por Mário Sabino / Metropóles
Como era bola cantada, Nicolás Maduro deu uma banana histórica para Lula e foi declarado vencedor da eleição presidencial na Venezuela pelo seu supremo tribunal de esbirros, sem apresentar ata eleitoral coisa nenhuma.
O ditador recusou a proposta abilolada do brasileiro de que houvesse nova eleição. Para que cometer uma segunda fraude contra a oposição que realmente ganhou nas urnas, se a primeira já deu conta do recado?
Para dirimir qualquer dúvida quanto à sua ferocidade, Nicolás Maduro está botando para quebrar, literalmente. Prende e arrebenta quem ousa contestar a sua vitória fajuta.
O Brasil, que já havia diminuído consideravelmente de tamanho desde que Lula se aliou à Rússia contra a Ucrânia e ao Hamas contra Israel, agora é um anão diplomático com certificado de garantia por causa do presidente da República.
Mas o que é o Brasil diante das necessidades partidárias? Depois de levar a banana, Lula terá de encontrar uma forma de conviver com o “regime desagradável” de Nicolás Maduro, sem renunciar ao passado comum que une o lulopetismo ao bolivarianismo, mas mantendo a aparência de que não aceita a fraude eleitoral.
Não fossem as ligações perigosas do presidente da República e do PT com Nicolás Maduro e a sua cambada, Lula poderia fazer como o presidente do Chile, Gabriel Boric, que é do seu mesmo campo ideológico.
Tão logo o mau teatro venezuelano chegou ao seu final, Gabril Boric foi para o Twitter e escreveu:
“Hoje, o TSJ da Venezuela termina de consolidar a fraude. O regime de Maduro acolhe obviamente com entusiasmo a sua sentença, que será marcada pela infâmia. Não há dúvida de que estamos perante uma ditadura que falsifica eleições, reprime quem pensa diferente e é indiferente ao maior exílio do mundo, só comparável ao da Síria em consequência de uma guerra.”
Como é de esquerda, Gabriel Boric também disse que “a ditadura venezuelana não é de esquerda”, mas o ponto que interessa é que ele não atenuou o fato de Nicolás Maduro ser um ditador e de se comportar como tal.
Como já demonstrou, Lula não chamará Nicolás Maduro de ditador. Ele também não romperá relações com o regime venezuelano, porque é aliado histórico dessa gente hedionda que inferniza a vida dos nossos vizinhos.
O governo brasileiro agora “articula uma posição conjunta” com a Colômbia. Cada preposição deve estar sendo pensada para dar conta do vexame, sem reconhecê-lo como tal. Nada cancelará o fato: Nicolás Maduro deu uma banana para o Brasil. Deu uma banana para Lula, que irá engoli-la.