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Lula fala em colheita generosa e ignora crise cambial em pronunciamento de Natal

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Foto: reprodução

O presidente Lula (PT) declarou que o Brasil tem hoje uma “economia forte e que continua a crescer” e “um governo eficiente que investe onde é mais importante, na qualidade de vida da população brasileira”, em pronunciamento tradicional de fim de ano, nesta segunda-feira (23), em rede nacional.

Porém, acrescentou que ainda temos “enormes desafios pela frente”. Essa foi a única menção à economia, em um momento que o país passa por uma crise cambial, na qual o dólar atingiu o mais valor nominal da história, na última semana.

Ele também afirmou que, em 2025, redobrará as forças do plantio para que “a colheita seja cada vez mais generosa” e ressaltou a defesa “intransigente” da democracia.

A palavra “colheita” também já havia sido utilizada durante o pronunciamento no final de 2023, quando disse que era tempo de plantar e de reconstruir. Ele ainda tem exaltado a palavra em suas falas durante eventos oficiais e entrevistas.

Lula ainda destacou, em seu pronunciamento, o respeito e a harmonia entre os Poderes executivo, o Legislativo e o Judiciário, e que a base de tudo o que faz é o diálogo e o trabalho conjunto do governo federal com a sociedade, os governos estaduais e as prefeituras.

A fala ocorreu em um momento de atrito entre Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o pagamento das emendas parlamentares.

Lula ainda agradeceu as orações e as mensagens de carinho que recebeu durante a cirurgia que foi submetido recentemente na cabeça e disse que “graças a essa corrente de solidariedade” está mais firme e forte “para continuar fazendo o Brasil dar certo”.

O presidente fez o pronunciamento usando um chapéu, da mesma maneira que tem aparecido desde que fez a cirurgia na cabeça, há duas semanas.

Ele também afirmou que este é o momento de renovar as esperanças em um país mais justo, sem fome, onde cada mulher e cada homem tenham trabalho digno e tempo para acompanhar o crescimento de seus filhos.

“Que cada mãe e cada pai tenham a felicidade de saber que seus filhos estão bem cuidados, saudáveis e protegidos”, disse.

A tradicional mensagem de fim de ano do presidente costumava acontecer na noite de Natal, mas foi antecipada. A elaboração do pronunciamento já contou com a participação do publicitário Sidônio Palmeira, que deve assumir no próximo ano a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), em substituição a Paulo Pimenta.

Sidônio já havia atuado durante o pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), quando anunciou as medidas de contenção de gastos, além da elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5.000. O publicitário também dirigiu vídeo recente, em que Lula aparece ao lado e garante autonomia para a atuação do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Também participaram Laércio Portela, atualmente secretário de Comunicação Institucional da Secom, além de Ricardo Stuckert, secretário de Audiovisual e fotógrafo oficial de Lula. Portela é cotado para se tornar o próximo Secretário de Imprensa.

Lula fez o pronunciamento ainda sob cuidados médicos e despachando da residência oficial, o Palácio da Alvorada. O presidente ficou internado em São Paulo entre os dias 10 e 15 de dezembro por causa de uma hemorragia interna decorrente de uma queda no banheiro em outubro.

O mandatário fez uma cirurgia de emergência no dia 10 em razão de um hematoma de três centímetros entre o cérebro e uma das membranas (meninges) que envolvem o órgão. O coágulo foi detectado após ele sentir fortes dores de cabeça, quando foi encaminhado para o hospital de São Paulo.

Ao receber alta hospitalar, Lula se emocionou ao falar da internação e disse ter ficado assustado com o quadro. Agradeceu a Deus e citou situações anteriores em que sua saúde ficou em risco, como quando teve câncer em 2011 e seu avião teve um problema no México.

“Eu nunca penso que vou morrer, mas eu tenho medo”, afirmou o presidente na ocasião.

O presidente só voltou a Brasília na quinta-feira (19), em um cenário de tensão com o dólar em alta e tramitação entravada do pacote de contenção de gastos no Congresso.

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