Por Magno Martins
Depois de ter todos os seus pecados de roubalheira perdoados, por liderar a quadrilha que promoveu o maior assalto aos cofres públicos da história do País, por uma decisão monocrática do ministro Edson Fachin, do STF, nomeado na era petista pela ex-presidente Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caminha para ser beatificado pelo Papa Francisco. Pelo andar da carruagem, vai virar, mais rápido do que se esperava, o “Santo Lula”.
Ontem, o juiz federal Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara Federal de Brasília, deu a sua colherzinha de chá. Concluiu que o réu Lula é inocente na operação Zelotes, que apurou a oferta de R$ 6 milhões, a título de propina, para a campanha eleitoral do PT. A dinheirama teria sido apresentada pelo lobista Mauro Marcondes ao ex-presidente. A moeda de troca seria a edição da MP 471, que prorrogou incentivos fiscais às empresas instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Em outra ação penal da Zelotes, Lula responde pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A investigação apurou suposta negociação irregular de 36 caças Gripen, da fabricante sueca Saab, pelo governo Dilma Rousseff (PT). No final de maio, o juiz Frederico Botelho suspendeu o depoimento de Lula no caso depois de a defesa do petista apresentar pedido de suspeição no início deste mês contra dois procuradores que atuaram na Zelotes: Frederico de Carvalho Paiva e Herbert Reis Mesquita.
Acusa a dupla de atuar em conjunto com a Lava Jato em Curitiba para a “realização de contratos irregulares com a Receita Federal e autoridades estrangeiras”. Botelho entendeu que o pedido de suspeição deve ser discutido dentro da ação penal dos caças. Abriu prazo de 30 dias para o MPF (Ministério Público Federal) se manifestar. Disse que a discussão deve ser feita “não sob o enfoque da suspeição e sim sob a ótica da justa causa”.
Além dos processos da Zelotes, Lula responde às quatro ações penais da Lava Jato Curitiba que foram enviadas ao Distrito Federal por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) e uma ação da Operação Janus. A alma mais honesta do planeta tem tantos penduricalhos no campo ético que, num País sério e não circense como o Brasil, nunca teria saído da cadeia.
Nada a ver? – O juiz, pasmem, afirma que embora existam elementos que apontem suposta atuação de uma da empresa Marcondes e Mautoni, “não há evidências apropriadas e nem sequer minimamente aptas a demonstrar a existência de ajuste ilícito” envolvendo Lula. Frederico Botelho diz que é segura a conclusão que a acusação carece de elementos que poderiam fundamentar, além da dúvida razoável, eventual juízo condenatório em desfavor dos réus. Não se pode passar a borracha na história. Na era petista, foram descobertos desvios de fundos da Petrobras, superfaturamentos em obras públicas, como na hidrelétrica de Belo Monte, na usina de Angra 3, em fundos de pensão de servidores federais e em estádios da Copa do Mundo de 2014. E Lula nada tem a ver com isso?