Proposta de elevação fez parte do conjunto de promessas de campanha do petista; ministro da Fazenda diz que contas estão sendo refeitas, mas que pode haver frustração
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 12, durante a posse da nova presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, que o governo ainda não consegue dar aumento de 3% para o salário mínimo como prometido na campanha eleitoral de 2022. Segundo o presidente, o mercado e parte da própria equipe econômica consideram a medida como gasto e não como investimento. “Hoje eu devia dar numa reunião, junto com os companheiros da imprensa, que a gente precisa construir uma narrativa diferente nesse país. A única coisa que não é tratada como gasto no Brasil é o dinheiro que a gente paga de juros para o sistema financeiro. Esse eles não tratam como gasto. Possivelmente eles tratem como investimento. Então, nós precisamos mudar a narrativa. Daqui para a frente, tudo o que a gente fizer é investimento”, declarou Lula. O piso salarial está atualmente em R$ 1.302, valor proposto pelo governo Bolsonaro no fim de 2022. Por causa da inclusão de novas famílias no INSS, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo está refazendo contas e que, só depois, vai decidir se aumenta o mínimo para R$ 1.320. “A gente não recebeu com transparência do governo. Nós não temos todos os elementos, já é dia 11 e não temos ainda todos os elementos para saber se nós estamos pisando em solo firme no que diz respeito às bombas de efeito retardado que foram acionadas pelo governo anterior. Então, pode haver frustração”, comentou o ministro.
O economista-chefe da Ryo Asset, Gabriel Leal de Barros, lembra que o eventual aumento do salário mínimo gera uma série de outros reajustes, impactando nas contas públicas. “A gente não só as despesas da previdência anexadas ao salário mínimo, mas também benefícios de prestação continuada para idosos e pessoas com deficiência, que também são vinculadas ao salário mínimo, o gasto com seguro desemprego, cerca de metade dele é vinculado ao salário mínimo, o abono salarial, que é um 14º salário também vinculado ao salário mínimo, então a preocupação é matemática, não é ideológica, do efeito colateral negativo que o aumento do salário mínimo de fato tem sobre as contas públicas”, alega.
O pacote apresentado pelo Ministério da Fazenda para tentar reduzir o rombo fiscal é focado principalmente no aumento da arrecadação. O economista da XP Tiago Sbardelotto ressalta que alguns cortes de gastos também foram incluídos, mas que outras ações são necessárias. “A gente teve um valor de R$ 30 bilhões de redução de despesas,factível para esse ano. Isso muda a nossa projeção, mas não muda a tendência da dívida pública. A gente ainda continua numa trajetória de dívida pública que não se sustenta ao longo do tempo. Então, a gente espera novas medidas, novos anúncios, que complementem o que foi feito hoje”, disse Sbardelotto. Com as medidas, o economista estima que o déficit primário do governo central possa diminuir de R$ 167 bilhões para R$ 84 bilhões em 2023. (Jovem Pan)