José da Fonseca Lopes, da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, não apontou quem são os ‘intervencionistas’. Ele afirmou que, antes de divulgar, informará ao governo.
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presidente da Associação Brasileira do Caminhonheiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, afirmou nesta segunda-feira (28) em Brasília que, depois de terem as reivindicações atendidas pelo governo, os caminhoneiros querem voltar ao trabalho, mas estão sendo impedidos por “intervencionistas” que, segundo ele, “querem derrubar o governo”.
A greve dos caminhoneiros entrou nesta segunda-feira no oitavo dia e provoca desabastecimento de combustível nos postos e escassez de gêneros alimentícios por todo o país.
“Não é o caminhoneiro mais que está fazendo greve. Tem um grupo muito forte de intervencionistas aí e eu vi isso aqui em Brasília, e eles estão prendendo caminhão em tudo que é lugar”, declarou. “São pessoas que querem derrubar o governo. Não tenho nada a ver com essas pessoas nem os nossos caminhoneiros autônomos têm. Mas estão sendo usados para isso.”, afirmou.
Indagado sobre quem são os “intervencionistas”, ele afirmou que “na hora certa” os nomes serão divulgados. Lopes disse que, primeiro, informará ao governo.
“Vou entregar [os nomes] porque eu não faço parte desse tipo de situação. Eu não faço parte disso e não aceito que estão usando caminhoneiros para isso. Se querem derrubar o governo, que montem um esquema separado”, declarou. “Os caras quem dar um golpe no Brasil e eu não vou fazer parte disso”, afirmou.
Segundo ele, o pacote de medidas anunciado pelo governo para atender às reivindicações dos caminhoneiros “resolveu o problema da categoria tranquilamente”.
“O pessoal quer voltar a trabalhar, mas eles têm medo porque estão sendo ameaçados de forma violenta”, afirmou. “Isso está pegando em todo lugar”, declarou.
Lopes disse que, neste momento, o caminhoneiro está sendo usado “como bode expiatório”. “Acho que chegou a hora de o governo fazer alguma coisa”, afirmou.
Ele também atribuiu as dificuldades para a volta ao trabalho à dimensão do país e ao incompreensão das medidas anunciadas pelo governo por uma parcela dos caminhobneiros.
“Não acabou ainda porque estamos num país continental e isso aí demanda uma série de situações, algumas informações para a pessoa começar a entender que realmente toda a negociação feita atingiu a necessidade deles”, disse.
Lopes estima em pouco menos de um terço dos caminhoneiros que ainda resistem a suspender a greve. “Faltam uns 30% [de caminhoneiros para desmobilizar], mais ou menos. Eu acho que até amanhã já está bem encaminhado para voltar à realidade.”
‘Inflitrados’
Mais cedo, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) afirmou que o serviço de inteligência do governo avalia a possibilidade de que pessoas com interesses “políticos” estejam infiltradas no movimento dos caminhoneiros.
“Nós tivemos as informações dos líderes de que muitas dessas concentrações, pessoas que ali estão, são pessoas que não são caminhoneiros. São pessoas que se infiltraram no meio do movimento com objetivos diferenciados, objetivos políticos. Nosso serviço de inteligência está cuidando disso”, afirmou.